A paz que buscamos

“Quem sabe podemos começar por aí, desfazendo fofocas, procurando realçar as qualidades de cada pessoa em detrimento de seus defeitos?”

Pelas frestas da janela, raios de sol anunciam bom tempo. Os passarinhos já se calaram, voaram em busca de alimento. Novos sons, portas de garagem abrindo-se, motores de carros, motos e caminhões aquecendo-se, é a vida despertando para um novo dia. Hora de levantar e seguir a rotina, mas o calor das cobertas… É uma pena deixá-lo. Antes, louvar a Deus por mais um amanhecer com saúde e esperança.

Mas, nem tudo é perfeito ou concluído satisfatoriamente. Problemas, sempre os há, mas para serem resolvidos. Ah, se todas as pessoas se amassem e se desejassem o bem, que bom seria. Não haveria guerras, crianças e idosos morrendo de fome e doenças, hospitais voando pelos ares com bombas incendiárias, pessoas apavoradas procurando abrigos antiaéreos… Quantas não chegam lá!

Países em contínuas guerras, sunitas, xiitas, Hamas, Aiatolás, palestinos e israelenses sem acordos de paz. E o medo de nova guerra mundial! E nós, aqui, assistindo a esses horrores, com vontade de ajudar, mas como?

Minha vizinha tentou reunir as novas moradoras da quadra com suas antigas amigas para um chá da tarde, com bolos e pasteizinhos, que na cidade não faltam quituteiras. Mas, qual! Fulana falou mal da Sicrana, que não se dá bem com a Beltrana. Como acomodá-las na mesma mesa?

Quem sabe podemos começar por aí, desfazendo fofocas, procurando realçar as qualidades de cada pessoa em detrimento de seus defeitos? O que as impede de querer bem umas às outras? Inveja? Medo de que tomem seu lugar no emprego, no círculo de amigas, no maior brilho social? Por que é mais bonita?

Seria um trabalho difícil, mas vale a pena tentar. Quem sabe sugerir seu engajamento em Pastorais, em ONGs e Campanhas Humanitárias que as aproximem no mesmo querer? Fazer o bem, minorar as péssimas condições de vida de pessoas humildes e desassistidas?

Pois a Paz nada mais é do que o desapego de si mesmo e o amor ao próximo, desejando-lhe o mesmo que a nós queremos. Sem rivalidade nem vontade de ser maior. Cada um tem seus próprios dons, e ninguém consegue assumi-los do mesmo jeito.