O guasqueiro usa como insumo o couro cru de bovinos, com o qual faz laços, bocais, cabeçadas de freios, rédeas, maneias, peiteiras, cinchas e sobrecinchas, relhos, mangos, chicotes, entre outros
No dia 18 de agosto último, encontrei na página 10 deste jornal um tema muito interessante da tradição gaúcha: o convite para uma exposição de artigos confeccionados pelo “guasqueiro”, um profissional que tem em suas mãos a habilidade do artista. Sua função é fazer os aperos para o cavalo, que serve de montaria na lida com o gado e em outras atividades campesinas do Sul.
O assunto despertou-me a atenção, porque cresci convivendo com essa arte, ofício de meu pai, José Manoel Ribas da Rosa, que recebeu, como homenagem, o nome de uma rua em nossa cidade, ao que somos muito agradecidos. Ele preparava o couro desde a retirada do animal até o produto final. Hoje, porém, já é possível encontrar o couro pronto para ser usado, o que facilita o exercício desse ofício.
Naquela época, não existiam muitos guasqueiros, embora fosse uma atividade de muita utilidade no contexto da região, onde um dos principais ramos de negócio já era a pecuária.
O guasqueiro usa como insumo o couro cru de bovinos, com o qual faz laços, bocais, cabeçadas de freios, rédeas, maneias, peiteiras, cinchas e sobrecinchas, relhos, mangos, chicotes, entre outros. As peças do apero, usadas na cabeça do cavalo, podem ser trançadas ou com o couro duplo ponteado. O laço é feito com a trança redonda do couro dos bovinos.
Para o acabamento de tais produtos, é usado o tento, uma tira fina do couro do cavalo, que também é denominado lonca. Com o tento, se faz as costuras naqueles produtos ponteados, nos quais se usam tiras duplas de couro bovino com mais ou menos três centímetros de largura, bem como delicadas tranças na cobertura de botões e barbicachos para chapéus. Além disso, com os tentos finos, são fabricadas as miniaturas desses artigos, muito procuradas para presentear em viagens, lembranças típicas da região.
Possivelmente seja ministrado em nossa cidade um gratuito sobre o ofício de guasqueiro. Um curso sobre o assunto, realizado aqui, sempre será bem-vindo. Além de resgatar a confecção manual desses artigos, dá às pessoas interessadas a oportunidade de uma profissão muito promissora, tanto pela preferência do trabalho feito à mão, como pelas características do mercado dentro e fora de nosso Estado.
Esses aperos servem também de ornamentação das montarias durante a Semana Farroupilha, quando muitos gaúchos tradicionalistas se orgulham em desfilar bem montados, em memória à valentia dos seus antepassados na Guerra dos Farrapos.