O avanço tecnológico surpreende a cada dia. Tudo depende dos chips. No setor automobilístico, hoje, eles são a alma, o fígado, o coração… São controles disto e daquilo que deixam os veículos cada vez mais dependendo de componentes digitais. Parecia que só aumentaria, mas o que se viu é que, com a pandemia, houve um retrocesso na utilização destes sistemas. É bom lembrar que a indústria automobilística foi uma das que paralisou completamente a produção sem saber a data de voltar a produzir e, com isto, deixou de realizar compras de insumos, e um destes foram os semicondutores. É sabido que 80% da fabricação global de semicondutores são de Taiwan, e estes têm os seus estoques comprometidos com Samsung, Apple e outras gigantes da eletrônica. Elas, em 2020, compraram toda a produção de chips rejeitada pelas montadoras, que estavam inseguras com a pandemia. O resultado é que varias unidades industriais automotivas, aqui no Brasil, paralisaram a produção devido à falta de chips. Em média, um automóvel leva cerca de 150 chips que são essenciais para o projeto na sua montagem. Já existem algumas montadoras que resolveram substituir alguns componentes digitais por analógicos com vistas a seguir produzindo. A escassez de semicondutores é um problema que está afetando diversos seguimentos da indústria, que procura de todas as formas se adequar a estes novos tempos. Neste quadro, é importante visualizar o perigo do monopólio na fabricação de determinados componentes, que são tão importantes para o mundo como um todo. O processo de globalização veio para ficar, mas volta e meia mostra faces perversas, ficando países e setores a mercê de poucos fornecedores detentores da tecnologia. Uma consequência imediata desta escassez é a elevação de preço, o que faz o produto final ficar mais caro. E aí fica aquela briga atrás dos chips, e quem paga mais leva! Fica a pergunta: o mercado pode esperar pelo crescimento da produção de semicondutores ou voltam os analógicos?
O voo da galinha
É bom que todo o mundo esteja preparado para assistir novamente o voo da galinha, que já é um velho jargão utilizado pelos economistas para demonstrar o sobe e desce no desempenho da economia brasileira. Para acontecer o desenvolvimento de um país, é necessário crescimento econômico sustentável, contínuo, com níveis capazes de proporcionar emprego e renda, num espaço de, no mínimo, cinco anos. Aqui no Brasil, é estimado que, para isto acontecer, seria necessário um crescimento médio de no mínimo 4% durante pelo menos cinco anos. Isto é o que todos desejam, mas é difícil de acontecer. Neste ano, está previsto que a economia brasileira venha a crescer perto de 6%, mas este número deve ser bem menor no ano que vem. Acontece que a base de comparação é com um número negativo, ou seja, -4,1% em 2020, e aí fica fácil de crescer. Seria muito bom que 2022 tivesse desempenho semelhante a este ano, mas as projeções indicam um crescimento da economia de pouco mais de 2%. É que 2022 será comparado com 2021, que vai ter um número elevado. Vale destacar que a economia mundial está num bom momento de crescimento, saindo da pandemia, e com altos índices de produção, e seria muito bom que o Brasil pegasse carona neste novo cenário. O cavalo vai passar novamente encilhado, é bom estar atento.
Reforma tributária
Novamente, este velho assunto volta à pauta. Há décadas o Brasil sabe que é necessária a realização de uma reforma tributária que venha simplificar o emaranhado de leis, com inúmeros impostos e taxas que dificultam o entendimento e até a aplicação destas. Dizem que é um dos entraves para o crescimento econômico do país, e um grande empecilho na atração de capitais. Acontece que toda a mudança é sempre muito tumultuada, pois, para alguém ganhar, outro tem que perder. E aí os lobbies dos poderosos tentam, de todas as maneiras, impedir a sua realização. Particularmente, o que se vê é o Legislativo ir empurrando com a barriga, fazendo o possível para retardar o máximo possível este assunto que impacta na vida de tanta gente e, principalmente, nas empresas. Existia a perspectiva de que a reforma tributária completa fosse votada ainda este ano, mas pelo que se vê, vai ser fatiada. Sobram pequenas alterações aqui e ali, e o pior é que o ano que vem é período eleitoral, o que indica que tudo fica mais difícil. A CPI dá mais mídia e menos incômodo. Isto é Brasil!
Inflação
O momento é de apreensão pelo crescimento dos índices de inflação aqui no Brasil. Olhando o resultado do mês, ainda se percebe que está baixo, mas, no acumulado do ano, assusta. Acontece que incorpora dados do ano passado, que em junho, julho, agosto e setembro foram elevados. Somente quando deixarem de ser computados, o acumulado vai diminuir, portanto queda da inflação somente após setembro. Também lá nos Estados Unidos, o momento é de inflação elevada. Os últimos dados dizem que o acumulado anual anda em 5,4%, o maior desde 1991. A expectativa é de que o Banco Central americano eleve o juro. Sem dúvida nenhuma, a inflação é um fenômeno mundial. Elevação no preço das commodities, fortalecimento do dólar, elevação do preço do petróleo e desequilíbrio entre oferta e demanda de bens justificam estes resultados.
Pense
O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano.