Os lusos tinham feito um grande desembarque no litoral da Capitania do Rio Grande de São Pedro em 1737, na margem sul da Barra. Eles foram apoiados por pequenos ancoradouros que surgiram ali, após a chegada dos primeiros exploradores e criadores de gado portugueses em 1725.
Nesta segunda leva de centenas de imigrantes europeus, foram trazidos engenheiros, carpinteiros, ferreiros, militares, comerciantes, além de armamentos, ferramentas, sementes, cavalos, gado e todo tipo de material necessário para a construção de uma modesta fortificação e porto. Assim nasceu o Forte Jesus, Maria e José, embrião da primeira cidade portuguesa do nosso Estado, Rio Grande.
O controle da Barra da Laguna dos Patos era fundamental para a conquista do interior do território via caminhos fluviais e para apoio das comunidades luso-açorianas, que começaram a desembarcar na Capitania do Rio Grande de São Pedro a partir de 1750, aguardando a ocupação das terras das Missões. Estes territórios foram trocados pela Colônia de Sacramento, após a assinatura do Tratado da Madri, celebrado pelas coroas de Espanha e Portugal naquele mesmo ano.
Em 1753, as populações dos Sete Povos das Missões resolveram não desocupar suas terras e levantaram em armas contra os ibéricos. Começava a Guerra Guaranítica, que durou até 1756 e terminou com a destruição definitiva do Projeto Jesuítico Missioneiro na Capitania do Rio Grande de São Pedro. Além do massacre dos padres espanhóis e dos guerreiros guaranis, foram aprisionadas milhares de mulheres e crianças indígenas.
A Guerra também promoveu um grande êxodo e deixou milhares de pessoas se deslocando sem rumo pelo território. Estes andarengos – chamados de gaúchos – viviam perambulando pelas grandes planícies, sobreviviam da prea do gado selvagem e, muitas vezes, se estabeleciam nos territórios ou acabavam trabalhando em Estâncias. Outros construíam moradias nos pequenos pueblos, acampamentos militares ou postos comerciais que surgiam pelos antigos caminhos milenares usados pelos primitivos povos da região.
Um destes postos avançados se transformou no Forte Jesus, Maria e José de Rio Pardo em 1752, durante a Guerra Guaranítica. Alguns colonizadores portugueses tinham chegado naquela região em 1715. Estabelecidos em propriedades rurais, deram apoio aos militares portugueses, que, vindos do Forte de Rio Grande, construíram uma vanguarda – uma linha de defesa fortemente armada –, porto seguro para tropas lusas que operavam na Capitania do Rio Grande de São Pedro.
Foram tropas portuguesas desta fortificação que, em 1777, após o Tratado de Santo Idelfonso, se deslocaram até a Clareira da Mata e estabeleceram uma linha de defesa e um posto comercial. Na Caá-açapaba se fazia todo tipo de negócios com o gado, com cavalos e com asininos. Expedições de caça ao gado selvagem eram organizadas. Cavalos eram domados e negociados. Mulas eram vendidas a paulistas, o gado aos charqueadores portugueses e castelhanos, e se comercializava, também, o couro, que abastecia a imensa pré-indústria europeia, que necessitava correias para seus moinhos e azenhas. O couro também era usado na produção de roupas, móveis, arreios, sapatos, equipamentos militares, embarcações e em outros tantos itens de uso diário.
(continua na próxima semana)