Pois foi mais um que se foi. Aliás, como já dizia um poeta regional, “se foi como os outros se foram pros velhos pagos do além, onde um dia eu também pretendo bolear a perna…”

Na verdade, não foi pra lugar nenhum, porque o ano 2022, 1500 ou outro qualquer nunca existiu fisicamente. Não é um ente de carne e osso. São abstratos, como saudade, lembrança ou arrependimento. Calendários, agendas e cronogramas são invenções dos povos. São convenções simbólicas para botar ordem no mundo e estabelecer um referencial social de tempo e espaço. Mas, no duro mesmo, são apenas pressupostos para o regramento da vida dos humanos em sociedade, embora o mundo permaneça lotado de gente que não aceita regramentos e nem respeita as opiniões dos outros. Nem vou apontar exemplos para não me incomodar com essas desavenças gratuitas.

Os chineses têm lá o seu calendário diferente com nome de bichos. Os católicos contam o tempo com base na existência de Jesus Cristo e tudo inventado depois da morte dele, pelos romanos.

Ao findar mais um desses períodos de 12 meses, nos resignamos com o já acontecido e fazemos mais uma carrada de planos para o ano que vem, sempre na esperança de que a vida melhore; de que a felicidade permaneça ou apareça; de que o dinheiro – que é o veículo que vai nos trazer bens materiais e prazeres diversos – nos encha os bolsos; e de que, se morrermos nos próximos meses, tenhamos a glória de conquistar a vida eterna. Tudo simbolismo, de novo. Seria muito chato se o nosso tempo não tivesse essas paradas para reabastecer as energias, um saco sem fundo.

Servem também, esses finais e recomeços anuais, para descansar, rever amigos e parentes, confraternizar, repensar a vida e seus valores, presentear e demonstrar apreços e amores para com aqueles que nos são queridos. Faz bem, já que parece que, no tempo de Natal e de Ano Novo, os dias são mais coloridos, mais alegres: é tempo de brotação na natureza verde e cantoria dos passarinhos em fase de reprodução, parecendo que a vida toda, das gentes e dos bichos está em festa, confraternizando.

Este nosso já passado 2022 foi um tanto quanto diferente, patrocinou o retorno da normalidade. Ou os outros é que foram diferentes, se acaso este tiver sido normal.

Falo da pandemia que atazanou e continua atazanando a vida de muita gente boa. Ninguém esperava ou previa uma desgraça dessas que abalou o mundo inteiro. Foi mais do que uma bomba atômica sacudindo a terra de ponta a ponta, se não fosse redonda. Pior do que a loucura da Guerra da Ucrânia, que continua matando pessoas apenas pelo capricho de uns que se acham donos do mundo. Esses que não respeitam calendários, nem a vida dos outros, nem a casa dos outros, nem a paz dos outros e nem mesmo a felicidade dos outros. Trazem sim, e fazem questão de demonstrar, é a desgraça de milhões de inocentes. A tão temida e odiada guerra entre irmãos de raça e de história.

Então, pessoal, vamos abrir uma nova agenda, pendurar um novo calendário na cozinha, acertar os relógios, que aí vem 2023. De governo novo, para a alegria de uns e a decepção de outros. Tomara que seja um ano rico em saúde, amor e paz, e que o bem predomine em nossas vidas.

Feliz ano novo, gente!!!