Vivemos numa democracia – assim diz nossa Constituição –, mas, atualmente, ministros, parlamentares e o próprio Governo ainda não chegaram a um consenso sobre os limites da liberdade do indivíduo de dizer ou fazer o que pensa, mesmo que invada os direitos do outro. Assim, falsas notícias são perdoadas, as incertezas sobre os cuidados sanitários e a própria vacina são desrespeitados, e o vírus mais propagado no mundo continua aumentando o número de óbitos e fazendo legiões de órfãos ao abandono. Sem contar que até as crianças têm sido vítimas desse mal.
Enquanto os países democráticos da América, da Europa e do mundo se empenham no combate à pandemia, na preservação da natureza e dos direitos dos cidadãos à vida saudável e bem assistida, e tentam evitar a invasão da Ucrânia pelos russos através da diplomacia ou, em último caso, propondo sanções e embargos aos invasores, o que faz nosso presidente a respeito?
Primeiro: edita decretos ou MPs restringindo as medidas de proteção às florestas e ao garimpo, para favorecer exploradores, seus aliados, de nossas riquezas naturais da Amazônia, Pantanal e outros biomas, em nome da Economia.
Segundo: descriminaliza abusos policiais, flexibilizando as leis de Segurança, dando-lhes o direito de atirar para matar, nas favelas e nas periferias de cidadãos humildes. Nas zonas nobres, tais desmandos não acontecem.
Terceiro: ameniza medidas – ou leis – que combatem o agrotóxico, permitindo o uso de produtos que agridem a natureza – e que os países de Primeiro Mundo já condenaram –, envenenam rios, matam animais, tornam as terras improdutivas. Apenas mudando o nome, agora são pesticidas, eles vão continuar a causar mortes, porque a natureza que nos nutre vai ficar insalubre.
Quarto: seus decretos favorecem compra e uso de armas, enquanto aumentam as mortes nas favelas, nas ruas, nos lares, nas escolas. E não combatem o contrabando desse material que vem aumentando vertiginosamente o número de mortes por motivos vãos ou para defender territórios de traficantes. Quantos acidentes vitimaram crianças por balas perdidas e nos próprios lares, porque os pais não souberam guardá-las devidamente.
Por último, a viagem à Rússia foi a última surpresa. Nosso presidente se expõe ao lado do combatido Putin, numa viagem desnecessária – dizem que é para sua campanha eleitoral. E o objetivo da visita são negócios de compra e venda de armas e também dos famigerados pesticidas, que a Rússia é a maior produtora. Está explicado: em questões de vida ou morte, nosso chefe escolhe a morte, do cidadão, da natureza, do Planeta.
Será que ele vai homenagear com uma coroa de flores o monumento a Lenin, o pai do comunismo? Ele que foi eleito por seu combate ao socialismo e ódio aos partidos de esquerda??
Afinal, como ficamos perante os países que lutam pela democracia e direitos humanos?