Acordei com o doce ruído. Contínuo, forte, uma graça. Pensei que fosse chuva. Mas era o ventilador ligado toda a noite de calor. Dias depois, duvidei do barulho. Mas, por felicidade, estava enganada, dessa vez era chuva mesmo. Melhor do que a encomenda. Ainda mais porque não parava nunca, manhã, tarde e noite. Benditas águas de março! Foi uma semana que reativou nossas esperanças.
Estava com saudades de dias assim, de ficar em casa revendo álbuns de fotos antigas, que compartilhava nas mensagens para os meus familiares. Quanta coisa contida nas suaves lembranças de um passado que formou nossas atitudes de agora, na maneira de enfrentar os novos desafios, como nossos ancestrais esperavam de nós. E que desejamos legar às nossas novas gerações.
As temperaturas baixaram – que alívio –, e foi preciso recorrer aos agasalhos do alto das prateleiras. Há quem se queixe agora da falta do calor do verão. Há gostos para tudo, e têm que ser respeitados.
Vejo bandos de aluninhos rumando para a escola pelas mãos de suas mães. Alegres pelo reencontro dos seus companheiros tantos meses afastados. Adolescentes se reúnem nas praças vizinhas, confraternizando até que a sineta os chame para as aulas. Ontem, vi muitos alunos atentos nas salas, ao passar por um educandário. Deu para observar as luzes da biblioteca bem movimentada. Que bom! Que a Educação recupere seu lugar no rol das prioridades sociais, humanas e culturais. E nos dê uma nova geração esclarecida e bem intencionada para melhorar nossa vida no planeta.
Mas a guerra na Ucrânia nos deixa angustiados. Será que não aprendemos com os males das últimas guerras, que destroem o que levou tantos anos para ser construído? Não só materialmente – que também é uma grande perda –, mas a paz consolidada, a convivência solidária, o respeito à vida e às opiniões diferentes? A aceitação de outras culturas, das diferenças de gênero, raças, religiões?
No panorama nacional, os prognósticos não são nada animadores. A começar pelo combate à pandemia, que confunde as populações diante de medidas controversas do Ministério da Saúde, do Governo e das entidades científicas ligadas à OMS. Afinal, é para usar ou não usar a máscara? Em lugares abertos ou fechados? E as novas variantes aparecem, agora no Pará e no Amapá.
Porém, esse março começou, e ainda continua, com muitas comemorações. O aniversário de casamento de nossos pais – o alicerce firme da família que fundaram – e também de irmãs, sobrinhos e, dia 18, o primeiro aninho da Maria Augusta III, a bisnetinha de nossa saudosa mana, que representou o bálsamo para nossa saudade e só nos tem dado alegrias.
Por isso, eu louvo e agradeço as graças do mês de março e às suas águas benditas.