Decretaram o uso facultativo das máscaras. Pois, foi-se. “Se foi como os outros já foram, pra os velhos pagos do além…” Ou está indo, nem sei bem. Acredito até que ninguém, ao certo, saberá. Na verdade, uma tremenda confusão, contratempos e prejuízos para todos os gostos e desgostos. A sociedade não estava preparada para tamanhas restrições, até confrontando a Constituição, porquanto houve limitações ao direito sagrado de ir e vir em prol de um benefício maior da saúde de todo mundo. Pela coletividade, disseram.

Levou o mundo de roldão, a tão inusitada pandemia. Pegou os governos despreparados, e o povo, incrédulo no início, viu-se obrigado a cabrestear em defesa da sua própria integridade física. Nas grandes cidades, foi muito pior, pela dificuldade de restringir, assim de repente, um modus vivendi de há muito arraigado e necessário para fazer funcionar os serviços essenciais desses intrincados aglomerados de gente.

Aqui pelo interior, as coisas ficaram um pouco mais fáceis; é menos gente para controlar e mais espaços para se esparramar pelo interior. Sobreviveu o agronegócio da alta tecnologia e da crescente produtividade, para a bendita salvação do PIB nacional, carregando o País nas costas.

Aliás, foi o ajutório do Governo Federal que socorreu aos mais necessitados e a alguns aproveitadores, e deu uma mãozinha considerável para reeleger administradores municipais que se agigantaram na pandemia, discursando em defesa da vida, porque isso é mais simpático para um público carente e dilacerado pelo medo, incapacitado para mudar o jogo por conta própria.

A verdade, é que o mundo parou em 2020 e em parte de 2021, muitas feridas foram abertas e algumas outras, que já eram danosas, pioraram com essa confusão nunca vista. Menos mal que o comércio virtual deslanchou, que a criatividade dos brasileiros predominou e que a maioria sobreviveu, aos trancos e barrancos.

Não deveriam ter politizado a desgraça: tudo que foi fornecido e pago (auxílio emergencial, ajuda para Estados e municípios, compra e fabricação de vacinas, etc.) foi com recursos do Governo Federal. Alguns Estados, como o nosso Rio Grande, ajeitaram as contas com o dinheiro recebido; muitos prefeitos se reelegeram com assistência aos seus munícipes com esse dinheiro vindo de Brasília; e muitos outros maus políticos roubaram, desviaram e fizeram as maracutaias de sempre, em detrimento à saúde do povo.

Avalio que o Governo do Brasil tenha cometido alguns equívocos na condução do processo como um todo. Mas, no geral, agiu com a incerteza e a insegurança do inusitado dos fatos e tomou as medidas federais necessárias para equilibrar o combate ao vírus com a preservação da atividade econômica. (Até mesmo aquele Exército que se consagra vencedor de uma guerra fraticida perde parte da sua tropa durante a ocorrência dos combates). Todos lamentamos as mortes, mas não são culpa específica de ninguém. Afinal, guerra é guerra, e esta nossa foi das mais desafiadoras. Mas vencemos. Apesar de tudo e de muitos.

Agora no inicio de 2022, surgiram novas variantes e muitas especulações acerca da imortalidade do vírus desgraçado. Estamos sobrevivendo graças à vacinação em massa da população. Renascer a esperança e a normalidade está no saber conviver com as novas situações. Agora descartamos as máscaras, contra as quais tanto escrevi, mas que foram de grande valia para milhões de pessoas, segundo dizem os especialistas. (Mas que incomodavam, isso incomodavam.) Devo ter perdido mais de cem durante esses dois anos pandêmicos.

Não sobrou lição ou aprendizado milagreiro pra ninguém. Como sempre, prevaleceu o individualismo. Não acredito que ficamos mais solidários. Somos todos sobreviventes, apenas. Aliás, como previsto desde o início.

DEU NÉ? VAMOS TOCAR O BARCO DAS NOSSAS VIDAS PÓS COVID.