Bombeiros são aqueles profissionais que, dentre outras coisas, combatem o fogo. Os incendiários são pessoas que causam incêndios. Grosso modo, é assim no nosso mundo. No entanto, no universo distópico de Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, os bombeiros são incendiários: sua função não é combater incêndios, mas sim causá-los.
Dividido em três partes, Fahrenheit 451 tem como personagem principal o bombeiro Guy Montag. Ele ama seu trabalho e sente grande prazer em realizá-lo. Porém, nem todos acham essa uma função louvável, e muitos têm medo dos bombeiros. Ou seria de receber uma visita deles?
O que esses bombeiros devem queimar são livros e, para isso, devem fazer com que toda a casa onde forem encontrados seja destruída pelas chamas. Nesse mundo futurista e cheio de tecnologias, ler é contra a lei, e possuir livros um grave crime. Para se distrair, as pessoas podem assistir televisão em várias telas espalhadas por um mesmo cômodo. Além disso, há certa restrição sobre andar a pé, e os carros são muito mais rápidos que os nossos. A pressa é estimulada. Parar para conversar é uma raridade.
Montag sabe muito bem de tudo isso, mas uma conversa com Clarisse McClellan, sua vizinha, o faz começar a questionar se as coisas são tão boas assim. Com o passar dos dias, esse sentimento vai crescendo, até que ele se lembra de Faber, um antigo professor que conhecera num parque, e decide tomar uma atitude.
A narrativa se passa num período que seria um possível futuro do nosso mundo, quando o que sabemos hoje – o fato de bombeiros apagarem incêndios, por exemplo – é negado, e registros desse conhecimento só são encontrados nos livros.
Fahrenheit 451 foi publicado em 1953, então, esse futuro que a obra aponta poderia muito bem ser os dias em que vivemos. E é impressionante como nossa sociedade, cada vez mais, se parece com aquela.
Referência:
BRADBURY, Ray. Fahrenheit 451. Tradução de Cid Knipel. Prefácio de Manuel da Costa. 2ed. São Paulo: Editora Globo, 2012.