Na década de 1830, as “Escolas” de Primeiras Letras estabelecidas em Caçapava do Sul usavam mais ou menos o mesmo método pedagógico para a alfabetização, baseado num primeiro aprendizado das sílabas, sem preocupação na formação das palavras e, depois, cópias exaustivas de textos, com posterior leitura em voz alta.

A falta de livros e de material didático e escolar fazia com que os professores usassem os textos da Bíblia. Nas salas de aula, duas vezes por semana, eram examinados os conhecimentos de oração e, três vezes por semana, feitas cópias de máximas morais. Para as aulas de leitura, alguns professores utilizavam textos dos processos crimes da cidade, que terminavam em condenação, pois serviam de exemplo para os jovens.

Eram utilizados castigos físicos no processo de aprendizagem. Se batia nas mãos dos alunos – pois elas eram responsáveis pela boa letra e pelo bom texto – com palmatórias ou varas de marmelo. Os professores eram muito mal remunerados, alguns recursos vinham dos impostos e, muitos deles, viviam de doações e da caridade da população e de pais de alunos. Os salários chegavam a atrasar mais de um ano.

Durante a década de 1830, a educação pública da Província mergulhou numa profunda crise. Existiam poucos professores, pois poucas pessoas se interessavam em seguir esta carreira. Os salários eram muito baixos e atrasados. Outro problema era a falta de capacitação dos docentes, pois desde 09 de janeiro de 1823 – por decreto do Imperador Dom Pedro I – promoveu-se a Reforma do Ensino Primário, que tinha determinado a aplicação do Método Lancaster de Alfabetização Mútua.

Desde a implantação das primeiras escolas da Província, fora usado um método individual de aprendizagem, que não permitia que os professores atendessem adequadamente classes numerosas. Este novo método usava os alunos mais adiantados da classe como monitores, permitindo aos os professores atender grandes grupos de alunos. A aquisição do conhecimento se baseava na memorização. A disciplina era rígida e todos os trabalhos feitos em aula eram carregados de uma grande carga de formalidade.

Esta determinação de instância Imperial e Provincial agravou o problema. Não existiam professores que soubessem aplicar o Método Lancaster na Província. Assim, o Sistema de Ensino Mútuo faliu, e o governo da Província perdeu o controle sobre as Escolas.

Na década de 1830, a Câmara da Vila de Cassapava tinha uma grande dificuldade de fiscalizar as “instituições”, pois cada Escola funcionava como uma unidade separada, não havendo ainda uma normatização do Ensino. Além disso, a fiscalização não possuía um caráter preventivo. Só acontecia quando havia denúncias dos pais ou do alunado.

Apenas durante o ano de 1832, o Conselho da Província determinou que parte das verbas públicas fossem destinadas para o aluguel de casas para escolas, utensílios, móveis e materiais para serem usados na atividade do Ensino. Os professores também se transformaram em agentes da divulgação e da propagação da vacina antivariólica na Província.

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