Hoje, chegamos ao fim de um ciclo. Esta será a última coluna sobre Caçapava 100 anos atrás.

Durante o ano de 2022, os pesquisadores da Casa de Cultura Juarez Teixeira (CCJT) produziram 35 textos relativos a este tema. Eles foram o resultado da parceria entre a CCJT, o Arquivo Histórico Municipal Nicolau Silveira Abraão, o Arquivo da Secretaria da Administração e o Arquivo da Câmara de Vereadores, que permitiu o acesso a milhares de páginas de documentos históricos – muitos do século XIX –, além de centenas de fotos que registram a História de Caçapava do Sul dos últimos 190 anos.

Nesse primeiro ano de existência, a Casa de Cultura Juarez Teixeira também recebeu muita documentação e fotos das antigas famílias da cidade. Chegaram aos pesquisadores coleções de cartas, certidões, testamentos, processos, recibos, almanaques, revistas, jornais, convites de casamento, lembrança de velório, cartões de visita, notas fiscais, carteiras de identidade e todo tipo de papel que foi produzido pela sociedade caçapavana desde as primeiras décadas do século XIX.

Estas coleções estavam guardadas em gavetas e armários da nossa cidade e, para nossa sorte, acabaram sendo gentilmente entregues à Casa de Cultura. Na CCJT, como todo o material doado, foram higienizadas, analisadas e guardadas ou expostas. Estas ricas documentações são as fontes primárias, base das colunas “Caçapava 100 anos atrás”, que foram escritas entre abril e dezembro de 2022.

Esta experiência de imersão no cotidiano do passado de Caçapava mostrou que uma parte da história da nossa cidade está escondida por uma enorme bruma de incerteza, mas que precisa ser revelada e trazida a público, por mais traumático que isso possa ser.

Nas 36 colunas publicadas neste jornal, foram abordados temas históricos desconhecidos, como a vacinação, o ensino, o gado, a escravidão, o futebol, as revoluções dos séculos XIX e XX, entre outros assuntos. Há ainda temas residuais, que precisam de material complementar para futuros textos e, talvez, sejam os mais instigantes do trabalho de pesquisa, mostrando o cotidiano brutal de uma comunidade quase isolada na Campanha, comandada por oligarquias centenárias locais, seus bandos armados e que controlavam milhares de hectares de terras com milhares de cabeças de gado.

A documentação também aponta para personagens locais obscuros – alguns viraram nomes de rua – e que, durante as revoluções da República Velha, mostraram toda sua violência e brutalidade ou a desconhecida real ocupação militar dos Farroupilhas durante a Guerra Civil de ‘35, que é tratada por alguns discutíveis “historiadores” como gloriosa.

Encerramos este tema, mas, em breve, voltaremos com novos achados e curiosidades do nosso acervo.

Um Feliz 2023 a todos.

Que Clio ilumine a mente de todos os pesquisadores.