Um dos primeiros trabalhos feitos pela Casa de Cultura Juarez Teixeira com fontes primárias da história de Caçapava do Sul foi a digitalização de uma cópia dos “Apontamentos da minha marcha e acontecimentos da Revolução Riograndense de 1923”, de autoria do Coronel Coriolano Alves de Castro, um dos líderes políticos mais importantes do final do século XIX e início do século XX da região centro-sul do Estado.

A digitalização da documentação é um processo que serve para preservar a memória, mas também é uma poderosa ferramenta de pesquisa. Os técnicos da Casa de Cultura Juarez Teixeira puderam ampliar, reproduzir, limpar e analisar o documento, permitindo um trabalho de transcrição completa e de excelência, que logo será publicada, dando acesso a importantes informações da história da nossa cidade.

Os “Apontamentos” mostram arregimentação e movimentação das tropas durante a Revolução de 1923 na cidade de Caçapava e região, cita nomes, locais e como funcionava o entediante dia a dia dos combatentes. A transcrição do documento deve ser finalizada em mais três meses. A pesquisadora histórica Zilamar Ferreira, da Unipampa, é uma das maiores conhecedoras da vida e da trajetória do Coronel Coriolano Castro, e passou à Casa informações sobre a vida dele.

O nascimento do Coronel Coriolano Alves de Oliveira e Castro foi em 26 de setembro de 1863. Era o terceiro filho do Capitão Albino Alves de Oliveira e Castro e  da Dona Luiza Gomes de Castro. Nasceu na propriedade de seu pai, no Passo da Olaria, Município de Caçapava do Sul, atualmente Santana da Boa Vista. A Lei nº 1.083/99, de 23 de junho de 1999, institui o local como Ponto Histórico.

Vinha de uma família tradicional de linhagem militar e residia na fazenda. Casou-se, com Amália Medeiros, em 12 de março de 1885, passando a morar no Passo do Pessegueiro/Rodeio Velho, próximo a Minas do Camaquã, que na época era município de Caçapava do Sul, hoje, município de Santana da Boa Vista.

Alistou-se como voluntário e foi combater ao lado de Pinheiro Machado, como soldado legalista, recebendo sucessivamente, por merecimento e bravura, diversas promoções. No final da Revolução Federalista (1893 a 1895), possuía o cargo de major. Foi eleito para o primeiro mandato de Intendente de Caçapava de 1902 a 1906. Em 23 de junho de 1906, Coriolano Castro casou por segunda vez com Gasparina Simões Pires, que vinha de uma família tradicional.

Participou da revolução de 1923, de 28 de março até 14 de dezembro, quando foi assinado o tratado de paz, no Castelo de Assis Brasil, em Pedras Altas. O respeito da comunidade local e a unanimidade entre os Maragatos o levaram a ser eleito como Intendente de Caçapava do Sul, para segundo mandato, de 1925 a 1929. Participou da revolução Constitucionalista de 1932 e, após a pacificação, junto com os Maragatos voltou à Prefeitura, governando a cidade de 1937 até 1939, quando passou o cargo ao Subprefeito João Faria de Oliveira Lima, em virtude de doença, vindo a falecer em 1939. Está no jazigo da família, no cemitério Municipal de Caçapava.