Outro dia desses, um vizinho relatou um perrengue financeiro por que passou em função das altas temperaturas
Esses calorões fora de moda que andam assolando o Brasil Central, e até o Rio Grande do Sul, estão desencadeando prejuízos para todo mundo: misturados a uns temporais fora de moda, de aguaceiros, granizos e vendavais, atrasam as plantações, queimam as verduras plantadas fora de estufas, acarretam falta de energia elétrica pelo aumento exagerado do consumo, elevam as faturas e, assim, alcançam os bolsos de muita gente.
Outro dia desses últimos passados, um vizinho relatou um perrengue financeiro por que passou em função das altas temperaturas. Disse ele que, não podendo dormir pelo abafamento e pelo mosquital da sua rua, onde não existe esgotamento cloacal e há muita água empoçada pelas chuvaradas, resolveu comprar um ar condicionado. A criançada foi dormir com o casal, no quarto mais fresquinho, onde o aparelho foi instalado; acabaram quebrando o lastro da cama muito antiga, por causa do peso excessivo.
Levando a geringonça para o conserto no outro dia, saindo pelo corredor estreito da casa, quebraram um dos vidros da porta da frente. E o freteiro que veio carregar a cama para o marceneiro não tinha freio na caminhonete, bateu no portão da entrada, entortando uma das folhas e descascando a pintura azul de latão no seu lado direito.
No fim do mês, aumentou a conta da luz, gastou com o conserto da cama, com a reposição do vidro da porta e com o reparo do portão. Pouco sobrou para os presentes dos meninos, e a ceia acabou limitada ao galo do terreiro na panela. E ainda precisou comprar cachaça, porque o penoso não era dos mais novos e não cozinharia assim no mais. Teve de ser embebedado antes do pescoceio assassino.
Parece até piada de mau gosto e, lhes confesso, que é mesmo, mas serve bem para destacar uma situação de azaração extrema, quando as coisas se atravessam na vida de um pobre vivente e tudo acaba dando errado. Menos mal que todos estão gozando de boa saúde e os gastos de farmácia permanecem dentro da normalidade costumeira.
Para mim, esse tal de El Niño já passou dos limites, e não sei como, até agora, nenhum partido político, desses nanicos que defendem o politicamente correto, ainda não entrou com uma reclamatória no STF, exigindo que ele, o El Niño, vá se embora do Brasil e se estabeleça lá pelo Polo Norte, onde os esquimós estão cansados de passar frio abaixo de zero. Êta mundo velho sempre louco!