Registro do terceiro e último encontro de bandoneon em Caçapava, em 1990
Passada a pior fase da pandemia, a Casa de Cultura Juarez Teixeira (CCJT) começa a tirar do papel os planos para este ano. O primeiro deles é a inauguração, no domingo, dia 10, de uma exposição temporária, “Tango e Bandoneón”, que mesclará imagens do tango contemporâneo com o resgate da história do bandoneon em Caçapava do Sul.
O bandoneon é um instrumento de origem alemã – parente do acordeon (a nossa gaita) – que se tornou popular primeiro na Argentina, com as orquestras de tango, e mais tarde se espalhou por outros países da América do Sul. Ao longo do século XX – especialmente na primeira metade – Caçapava do Sul chegou a ter mais de 60 bandoneonistas atuantes.
– Esse é um fato inusitado que a CCJT quer resgatar e compreender com mais profundidade, tendo em vista que, em tese, esse não era um instrumento tão difundido na região – afirma o historiador da Casa, João Esmério Timotheo Machado.
O evento na CCJT tem duas partes: a primeira é composta por uma mostra de fotografias de tango em Buenos Aires. São 18 imagens de oito fotógrafos argentinos e brasileiros que retratam os salões de baile (milongas) da capital argentina, dos mais tradicionais aos mais alternativos, e que ficarão expostas durante todo o mês de abril.
A segunda parte tenta resgatar a história do bandoneon em Caçapava do Sul, por meio de fotografias dos três encontros de bandoneonistas realizados na cidade, nos anos de 1988, 1989 e 1990, e de um bate-papo com um dos organizadores destas reuniões, o historiador e músico caçapavano João Batista Oliveira Henriques.
A conversa terá também a participação da jornalista, professora de tango e especialista em história do tango pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso), Gisele Teixeira, e do jornalista, gestor cultural e pesquisador de temas rio-platenses, João Alberto Dias Santos.
A exposição inclui, ainda, a exibição de um bandoneon de propriedade do colecionador Cyro Chaves e um show de tango com os músicos de grupo Seresta, Evandro Gomes, João Batista Oliveira Henriques e André Marques Evangelho. No final, bandoneon e gaita se juntam na parceria de João Batista e Bruno Saldanha, num gesto simbólico de união entre os dois países vizinhos, Brasil e Argentina.
Quem tiver fotos antigas de bandoneonistas pode procurar a Casa para participar da mostra.
Projeto Noivas e Aias
Para maio, a ideia é fazer uma exposição que misture história e moda. No tradicional mês das noivas, a Casa de Cultura quer exibir vestidos antigos de noivas e aias com as fotografias dos respectivos casamentos. Para isso, está sendo feita uma campanha junto à comunidade para o empréstimo dessas peças (de casamentos realizados até o ano 2000), que depois serão devolvidas às proprietárias ou herdeiras. A CCJT já conseguiu sete vestidos de noivas, mas quer chegar a, pelo menos, 10.
– O vestido de noiva é, provavelmente, o traje mais caro, glamoroso e especial que uma mulher irá vestir em toda a sua vida, mas ele vem mudando, como reflexo da sociedade, e é isso que a gente que mostrar. Um vestido de 1960 é muito diferente de um do final dos anos 1980, e não tem nada a ver com um vestido de hoje, com tantos avanços em termos de gênero. Também queremos contar a história pessoal dessas peças, guardadas com tanto carinho por tantos anos e, com isso, resgatar a história do cotidiano de Caçapava do Sul, foco da Casa de Cultura – diz Gisele Teixeira, curadora da mostra.
Quem quiser emprestar algum vestido pode entrar em contato pelo whatsapp (55) 9 9696-1582.
Trama de Saberes
No domingo, dia 03, a Casa de Cultura inaugurou o projeto “Trama de Saberes”, disponibilizando uma sala para oficinas de artesanato. A primeira foi de patchwork de bainha aberta. A segunda será de introdução ao bordado sobre fotografia, e é gratuita. As atividades ocorrerão todos os primeiros domingos do mês, das 15h às 18h. Para participar, basta se inscrever pelo e-mail ccjuarezteixeira@gmail.com. Quem quiser oferecer alguma oficina também pode entrar em contato pelo mesmo endereço eletrônico.
Resgate de documentos históricos
Paralelo às mostras, a CCJT está colocando foco no resgate de documentos históricos da cidade e da região. Uma parceria entre a Casa e a Câmara de Vereadores de Caçapava do Sul proporcionou o acesso a uma verdadeira relíquia da história da cidade: um livro de “Actas” do Conselho Municipal de Caçapava, do período entre 1907 e 1929, que estava guardado no Arquivo da Câmara e, agora, será transcrito, analisado e, posteriormente, digitalizado. O trabalho está sendo capitaneado pelo médico e pesquisador Juarez Teixeira e compartilhado com a comunidade todas as semanas, em uma coluna aqui na Gazeta.
Programação 10 de abril:
17h – Bate-papo sobre tango e bandoneon
18h – Abertura da exposição de fotos de tango
18h30min – Show grupo Seresta
Horário de funcionamento:
A Casa abre de quinta a domingo, das 10h às 12h e das 14h às 17h
Entrada: R$ 5,00 (R$ 10,00 com visita guiada)
Texto: Gisele Teixeira
Foto: João Batista Oliveira Henriques