Em 1922, houve eleições para a Presidência do Estado do Rio Grande do Sul. A campanha eleitoral foi brutal. Foram contabilizados dezenas de mortos da oposição maragata e do governo dos chimangos.
Em meados de outubro de 1922, pouco menos de um mês após a confirmação do nome de Borges de Medeiros pelos Republicanos, as oposições gaúchas lançaram um manifesto, apresentando o nome do Federalista Assis Brasil.
Antes da votação, que foi realizada em novembro daquele ano, surgiram boatos de uma revolta armada da oposição e acusações de fraude de ambos os lados.
Os votos foram apurados por uma comissão de deputados, que, em 17 de janeiro de 1923, declarou vencedor Borges de Medeiros. Imediatamente, a vitória foi contestada e, em 25 de janeiro de 1923, após a posse do Presidente eleito, teve início mais um movimento revolucionário no nosso Estado, voltado para a deposição do “novo” Governo.
A cidade de Bagé – capital dos Federalistas durante a Guerra Civil de 1893 – imediatamente se amotinou. A região da Campanha, área maragata onde Assis Brasil fez sua maior quantidade de votos, rapidamente levantou em armas. Tropas da Brigada Militar foram mandadas para a região pelos Republicanos para dar combate aos rebeldes Federalistas. Os rebeldes queriam causar grande confusão, que justificaria uma Intervenção do Governo Federal e a realização de novas eleições. Caçapava do Sul estava no meio deste enorme entrevero e do teatro de operações!
A cidade foi repetidamente invadida pelos rebeldes e libertada pelos legalistas, e violentos combates aconteceram nos subúrbios e na zona rural do município. Centenas de cidadãos caçapavanos foram arregimentados, muitos foram feridos nas refregas, e outros tombaram no campo de honra.
Foram onze meses de guerra. O Governo Federal não fez a esperada Intervenção. O Armistício foi assinado por Republicanos e Federalistas em 15 de dezembro de 1923. Um dia antes, aceitando Assis Brasil a proposta, assinou o chamado Tratado de Pedras Altas, ratificado no dia seguinte por Borges de Medeiros. De todas as exigências apresentadas pelos rebeldes, apenas a deposição imediata do presidente gaúcho não foi conseguida. No entanto, ficaram vedadas novas reeleições para Borges de Medeiros, o velho Chimango.
Em 2023, no centenário da Revolução, a Casa de Cultura Juarez Teixeira (CCJT) se prepara para participar de uma série de eventos de âmbito estadual que ocorrerão no Rio Grande do Sul. Em parceria com o Projeto Doble Chapa e a convite de universidades e entidades da área histórica, a CCJT já está integrada ao grupo de trabalho que projeta uma programação especial para o centenário da Revolução de 1923.
O evento principal deve ocorrer em Bagé, provavelmente no mês de julho. Em Caçapava, devem ser realizados ao menos dois encontros, um em janeiro – abrindo o ciclo de atividades – e outro em março. São parceiros, também, o Arquivo Histórico Municipal Nicolau Silveira Abrão, o Museu Municipal Lanceiros do Sul, a Câmara dos Vereadores de Caçapava do Sul e a Unipampa/Geoparque Caçapava.