Nos dias 16 e 17 da semana passada, participei, em Resende (RJ), na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), da reunião comemorativa dos 50 anos da nossa formatura: Declaração de Aspirantes a Oficial do Exército Brasileiro, em 16 Dez 1972.  Compareceram 175 seniors  e familiares.

Bah, parece que foi ontem!?!? Estamos diferentes, mais experimentados, alguns carecas, outros barrigudos, barbudos, com filhos, netos, e todos felizes por ainda contar com saúde e energia para viajar e relembrar os duros quatro anos do curso de formação. Causos, chistes e apelidos emergiram das velhas memórias e de rodas de amigos em confraternização. Éramos 351 formandos, 81 já foram servir no céu, escolhidos para cumprir outro tipo de missão, sei lá.

O mundo evoluiu nesse período de meio século. Em 1969, quando parti de Caçapava, embarcando na antiga Estação Rodoviária da Rua Quinze, naquela noite de fevereiro em que o Sargento Manoel – o colorado – estava de serviço e eu lhe confessei baixinho, quase em segredo, que também iria tentar ser militar, não era possível fazer uma ligação interurbana Caçapava/ Resende. A comunicação era por cartas e/ou telegramas. Foi através de um desses que recebi, em setembro de 1968, a confirmação de que meu requerimento para tentar ser cadete havia sido deferido, e de que haveria um calendário para os exames complementares em Porto Alegre, aonde eu também não sabia ir sozinho, não conhecia. Somente em 1972 é que foi possível ligar para Caçapava, e assim mesmo, combinando com a pessoa a ser conectada o seu comparecimento à central telefônica da CRT, na esquina da Benjamin com a Bento, para atender a chamada em uma de suas cabines recém-inauguradas.

Naquele tempo, não havia água encanada nas casas de nossa cidade. Instalaram umas bicas d’água em alguns pontos estratégicos, onde a população fazia fila, de baldes na mão, para receber água tratada pela Corsan. Lembro de uma delas, que ficava na esquina da Av. Pinheiro Machado com a Félix da Cunha, onde morava o seu Albino Zago. Aquelas bicas abreviaram a aposentadoria dos pipeiros que vendiam água da Fonte do Mato, de casa em casa, em latas de 20 litros.

Foi por aquela época, também, que abriu o primeiro supermercado caçapavano: o Charrua, do Ney Coutinho, no galpão onde hoje funciona o Magazine Luiza. Depois veio o Nacional, instalado no antigo Lanifício Varan, na esquina da Borges com a Lúcio Jaime, onde os Carreteiros da Saudade faziam bailes gaúchos de arrepiar o pelo e mobilizar a gurizada fandangueira daqueles bons tempos de tentear namoro.

Parece que tudo isso foi ontem, mas não foi. Já lá se vão 50 anos de muitos causos e boas lembranças. Hoje, vivemos melhor, com mais conforto e tecnologia, que não para de evoluir, e cada vez mais rápido. Quem bobear nem acompanha.

Recordar, sem mágoas, é bom também, e faz renascer em nós a certeza de que fazemos parte da história viva e de que estamos aí, tesos e atentos aos acontecimentos da província.

 

FELIZ NATAL A TODOS e, também, meus cumprimentos a los hermanos argentinos, que venceram com força e amor à camiseta alviceleste, porque ela representa as cores da Pátria deles, coisa que a seleção do Tite nunca demonstrou em campo. Vencemos nas dancinhas e no colorido dos cabelos.