Opinamos sobre assuntos que nem conhecemos direito e adoramos participar das fofocas da nossa paróquia, para especular acerca de quem é que se deu mal, de quem anda com quem, quem é que foi traído, quem é que ganhou na loteria e o TikTok nos diverte sem parar
No mundo de hoje, setembro de 2023, não deve existir nenhuma pessoa que não possua um celular. Todos participamos de grupos diversos, temos um número infindável de seguidores, amigos virtuais de todas as partes da Terra, e alguns de nós, inclusive, possuímos seguidores em profusão, milhares. (Segundo a Fundação Getúlio Vargas, existem 249 milhões de aparelhos celulares no Brasil.)
A maioria tem conta no Facebook, no Instagram, no Twitter, no WhatsApp, nos velhos e-mails, etc. e não desgrudam do aparelhinho milagroso nem na hora do almoço, do lanche, da aula, nos deslocamentos e até dormindo ficamos CONECTADOS.
Sabemos quase tudo de ruim, de sensacionalismo, de bizarro e das tragédias e guerras que acontecem todos os dias, o tempo todo.
Temos amigos virtuais que não conhecemos, de lugares distantes e de idades e costumes distintos, cujos rostos nos perfis nem sabemos se são reais.
Opinamos sobre assuntos que nem conhecemos direito e adoramos participar das fofocas da nossa paróquia, para especular acerca de quem é que se deu mal, de quem anda com quem, quem é que foi traído, quem é que ganhou na loteria e o TikTok nos diverte sem parar. Sabemos quase tudo de todos, e sempre queremos saber mais de muitos e de tudo.
Viajamos através da telinha e conhecemos o mundo pelos olhos de terceiros. Comemos pelo celular, porque é muito mais prático e confortável pedir uma tele-entrega e não sair de casa para não precisar largar do aparelhinho diabólico.
Já oramos virtualmente e fazemos compras à distância, sem saber direito da qualidade do produto. E nem precisamos conhecer o vendedor, nem é necessário que falemos com ele.
Quando alguém, por milagre, nos visita, conversamos com eles sem descuidar do telefone e também não desligamos a televisão, porque a visita de pessoas amigas vale muito menos do que uma mensagem ou uma cena da novela ou do filme que compramos pela internet.
“Ah, eu estou muito bem informado e atualizado sobre Política, Economia, futebol e novelas, porque estou sempre muito bem CONECTADO”, dizem todos. E isso é verdade mesmo, fora alguns que não entendem as mensagens direito, acabam distorcendo as coisas e saem a espalhar inocentes fake news. E isto até já virou assunto de polícia e inundou a política nacional.
Estamos perto do mundo e longe das pessoas. Amamos o que não conhecemos e não temos mais tempo para bem amar quem está perto. Estamos vivendo nas nuvens e longe da vida real, do cotidiano das pessoas que nos rodeiam. CONECTADOS, modernosos e exibidos com as coisas do mundo virtual, tão sem realismo, assim como o nosso futuro imaginativo.
Será que algum dia cairá a ficha dessa gente toda? Que estamos cada vez mais individualistas?