Por Tisa de Oliveira
A Universidade Federal do Pampa (Unipampa), após bloqueios no orçamento, está sem recursos para a manutenção de serviços essenciais e pagamento de bolsas de ensino, pesquisa, iniciação científica e tecnológica e de mestrado e doutorado.
Assim como as outras instituições públicas de ensino superior, a Unipampa tem recebido um orçamento cada vez menor. Aliado a isso, no ano de 2022, sofreu cortes e bloqueios orçamentários. O primeiro é o caso mais grave, pois, com isso, alguns serviços e atividades ficam prejudicados, ou até cancelados, podendo haver demissões e paralisação de pagamentos de bolsas.
O diretor do campus Caçapava, professor José Waldomiro Rojas, explica que, quando há um corte, é necessário reavaliar todas as ações da Universidade, pois existem atividades que não podem parar. Geralmente, os cortes afetam os recursos de capital e de custeio, ou seja, atividades de investimento e de manutenção das instituições, podendo acarretar em paralisação de alguma obra, problemas para pagamento de contas de energia elétrica, de água e de internet ou até a precarização de alguns serviços terceirizados.
“Quanto às bolsas, o cenário fica pior, pois muitos alunos, vindos de diversos locais do Brasil, dependem dessa ajuda para o pagamento do aluguel e de outras despesas. Este último corte afetou o financeiro, ou seja, despesas já liquidadas não receberão recursos para serem pagas. Com isso, centenas de alunos do campus que recebem bolsas de assistência estudantil, acadêmicas, entre outras, ficarão sem previsão de pagamento”, explica.
Além disso, o pagamento de outras despesas, relacionadas à manutenção do campus, também foi afetado.
“Os alunos se mobilizaram para reivindicar e solicitar o desbloqueio, diversas assembleias foram realizadas no saguão do campus, atividades pacíficas nas ruas e na Câmara de Vereadores. O único campus da Unipampa que não teve suas atividades paralisadas foi o nosso, pois os estudantes entenderam que o momento era de mostrar a importância do local ao município”, destaca.
Os cortes assustam os alunos e podem comprometer as matrículas e as rematrículas, principalmente porque o público do campus se origina de diferentes regiões do País.
“Os alunos ficam preocupados e sem garantias, muitos deles já começam a tentar universidades mais próximas de casa. As matrículas e as rematrículas acontecerão somente em fevereiro/março, pois o semestre 2022/02 termina apenas em 11 de fevereiro”, acrescenta.
O funcionamento de um campus implica em diversas prestações de serviço, e isso requer disponibilidade orçamentária. Caso não ocorra a liberação, aos poucos, a universidade vai parando.
“Não fechamos da noite pro dia, mas não temos como manter atividades essenciais. Um exemplo é o Restaurante Universitário, que teve seu contrato encerrado em dezembro e, por falta de previsão orçamentária, o retorno será apenas em março de 2023. Esse é um fator que prejudica muito os nossos alunos e a população, pois eles necessitam desta ajuda. Já o município acaba perdendo, pois diversas pessoas são empregadas pela empresa do Restaurante Universitário. Com este fechamento, seis trabalhadoras foram demitidas”, conclui o diretor.
Foto: Divulgação