De patinho feio a princesa

Lembro que o livro fez muito sucesso, minhas colegas liam e falavam sobre ele na sala de aula

Tive outro soluço. A coisa estava ficando constrangedora. Não eram soluços bonitinhos de mocinha educada. Eram enormes e faziam meu corpo todo pular da cadeira como se eu fosse algum tipo de rã de 1,80m de altura. Eles eram altos também. Quer dizer, altos mesmo. Os turistas alemães continuavam a olhar para nós, soltando risinhos e fazendo outras coisas. Eu sabia que aquilo que papai me dizia era realmente verdade, mas não podia controlar os soluços. (CABOT, 2022)

Era o início dos anos 2000. Meg Cabot publicou O diário da princesa e, logo em seguida, o filme foi lançado. Lembro que o livro fez muito sucesso, minhas colegas liam e falavam sobre ele na sala de aula, o que me despertava curiosidade, mas, naquela época, eu não era a leitora de hoje e, por muito tempo, isso ficou esquecido. Até que, lá por 2009, assisti ao filme inteiro pela primeira vez – já havia visto algumas partes antes – e gostei bastante.

Mas ler o livro, isso aconteceu quando eu já estava no primeiro semestre de Letras. Uma professora nos levou até a biblioteca para mostrar como funcionava o sistema, e deu a tarefa de pegarmos emprestado qualquer livro para fazermos um trabalho depois. Eu estava andando pelos corredores com alguns colegas quando o vi e decidi que havia chegado a hora de conhecê-lo mais a fundo.

Comecei a leitura naquela mesma noite, e lembro que o que mais me surpreendeu foi perceber que a estória era bem diferente da que contava o filme, não na essência, mas nos detalhes. Por exemplo, no livro, Mia vive em Nova Iorque e o principal produto de exportação de Genovia é o azeite de oliva, enquanto no filme ela mora em São Francisco e as peras genovianas é que são famosas.

O livro é estruturado como um diário mesmo, portanto, narrado em primeira pessoa por Mia, a protagonista que passará de patinho feio nada popular na escola a princesa.

Sua mãe, Helen, acabara de presenteá-la com um caderno, para que pudesse expressar seus sentimentos, o que não vinha fazendo em voz alta. E a ideia funciona. Para o papel, Mia consegue dizer quão incomodada está por a mãe ter começado a namorar seu professor de álgebra e como está com medo de que seus colegas descubram e peguem ainda mais no seu pé.

Para piorar, seu pai, Phillipe, um rico político do principado de Genovia, telefona e não parece muito bem. Mas não lhe diz nada, é com Helen que quer falar, pois ficara doente e, como resultado, não poderá ter mais filhos. Mia não entende por que isso é um problema e a mãe está agindo como se fosse algo muito grave, mas logo seu pai irá chegar e lhe explicar, o que resultará em um tremendo susto e em muitas mudanças em sua vida.

Referência: CABOT, Meg. O diário da princesa. In: ______. O diário da princesa; Princesa sob os holofotes. Tradução: Ruy Jungmann e Celina Cavalcante Falck. 1ed. Rio de Janeiro: Galera Record, 2022. p. 7-184. (O diário da princesa; 1, 2)