Li, recentemente, no Correio do Povo de domingo que, muito em breve, o Brasil alcançará a autossuficiência na produção de trigo, cerca de 20 milhões de toneladas (atualmente, produzimos 10 milhões), e que até no nordeste haverá plantação do tão precioso e antigo cereal. A Embrapa de Passo Fundo está desenvolvendo novas espécies adaptáveis aos diferentes tipos de clima e aos diversos rincões do nosso majestoso País, onde em se plantando, tudo dá, segundo Caminha, em 1500.

Ainda me lembro de quando o pão era entregue nas casas, pendurado na porta da frente pelo padeiro, que percorria a cidade de carroça de manhã bem cedo, mesmo antes do café da manhã. Outros faziam o pão em casa, e muitos outros compravam o alimento do início do mundo na casa de pessoas que fabricavam o pão domiciliar. Aliás, como ocorre ainda hoje, quando muitas pessoas continuam dando curso a essa tradição de família. Morei na pensão da Dona Alcina Ilha, que, do alto dos seus sessenta e picos, fornecia broas e biscoitos pra muitos moradores ali das redondezas do Passinho da Aldeia.

Me lembro, também, de quando fui com o meu pai, de carreta puxada por uma junta de bois de canga, até o moinho da Picada Grande, levando sete sacos de trigo e três sacos de milho para moer. Era empreitada para uma semana inteira, com a ocorrência de pousadas, fiambres e muitos causos de permeio, bem na parcimônia, sem pressa de voltar, até porque, naqueles tempos, os relógios tranqueavam despacito, e as horas eram muito mais compridas do que as de hoje em dia.

Pesquisando sobre o assunto, descobri que o pão começou a ser fabricado há seis mil anos, quando os egípcios descobriram o processo de fermentação do trigo. No princípio, os pães de melhor qualidade eram destinados aos ricos, e as sobras ficavam para o pobrerio. Vê-se que nada mudou, desde aqueles tempos idos, quando os pobres recebiam as migalhas e ficavam satisfeitos.

Dizem que foi Pasteur quem controlou o processo da fermentação, por volta da metade de 1800, tirando do pão a fama de produto estragado (azedo), e que o famoso pãozinho francês (cacetinho, para os gaúchos) foi criado no Rio de Janeiro, na época de 1900, a pedido dos viajantes brasileiros que conheceram na França o famoso baguete, que é aquele mais comprido e cascudinho.

Mas, também, nem só do trigo vem a farinha: vem do milho, do centeio, da mandioca e de tantos outros produtos agrícolas que vocês sabem melhor do que eu. Daqui a pouco, não vamos mais precisar comer farinha de trigo argentino kkkk o que já é uma grande notícia para a nossa economia agrícola e exportadora por excelência.