Tudo na vida tem seu tempo e tem seu preço,
Erra quem pensa em só viver de gratuidade.
Um que conquista se acha forte: “eu bem mereço”,
Mas lhe custou investimentos, na verdade.
Na juventude, tudo é sonho e fantasia,
Mas passa o tempo e se alcança a maioridade.
Perde-se a conta do quanto a gente queria
E sobram migalhas, nossa dura realidade.
Pior ainda quando os nossos desencantos
Ocupam laudas ao longo da larga existência,
Nem revirando o passado nos quatro cantos,
Juntamos mais do que a dor dessa experiência
Embora o mundo se revire e se transforme
E sobrem ofertas de carícias dadivosas,
Cada um de nós enxerga a vida, essa disforme,
Buscando afago nas conquistas amorosas.
E se hoje amargo essas derrotas relativas,
Porque já tive outros caminhos transitados,
Sobram lembranças das andanças paliativas
E me declaro como um desapaixonado.