Um adolescente, Eric Harris, planeja um atentado. Ele deseja superar o feito de outra pessoa. Sozinho, pesquisa e descobre como construir bombas, realiza testes, faz todos os preparativos e convence seu amigo, Dylan Klebold, a participar. Mas eles esbarram em um problema: precisam de armas de fogo e são menores de idade, logo, não podem comprar eles mesmos. Então, convencem o par de Dylan no baile de formatura, Robyn Anderson, a ajudá-los com isso. Bombas armadas, armas em punho, plano posto em prática: eles invadem uma escola com o objetivo de matar o maior número possível de pessoas entre alunos, professores, socorristas (policiais, bombeiros, paramédicos) e imprensa.

Não parece um roteiro cinematográfico? Mas não é. É uma história real. Talvez você se lembre de Columbine. Apesar de ser criança na época (1999), o nome ficou gravado em minha memória. Eu não sabia exatamente do que se tratava, tinha a impressão de que esse era o nome da cidade, mas não. É o nome da escola e o título do livro que indico hoje.

Em Columbine, o jornalista Dave Cullen detalha os acontecimentos ao redor do crime: o planejamento de Eric, a forma como Dylan parece ter se convencido realmente a participar apenas nos últimos dias, o ambiente da escola, o papel desastroso da imprensa (grupo no qual o autor se inclui) e da polícia do condado de Jefferson. Sobre a polícia, o sentimento que fiquei foi o de que tudo poderia ter sido evitado se tivessem dado ouvidos pelo menos a UMA denúncia feita contra Eric pelas “missões” (como ele as chamava) que cumpria como forma de preparação para Columbine (como ficou conhecido o atentado à escola). Mas uma ressalva deve ser feita: Eric era um homicida, um verdadeiro psicopata, tinha o dom de convencer aos demais. Dylan era um menino depressivo que não foi diagnosticado a tempo, era um suicida. Isso fica claro nas cópias dos diários dos dois que ilustram a obra.

Mas Columbine traz não apenas a narrativa do que aconteceu. Traz, também, estórias que foram geradas a partir daí, o ponto de vista de alguns sobreviventes e familiares de vítimas e detalhes. Muitos detalhes! No Brasil, a editora responsável pela edição é a Darkside Books, que colocou, na quarta capa, o aviso: “Não indicado para pessoas sensíveis. Recomendado para maiores de 18 anos”. Não sou uma pessoa sensível, mas, ainda assim, ao fim de alguns capítulos, precisei parar e respirar um pouco. E acredito que ainda não me recuperei da descrição do suicídio de Eric e Dylan.

Referência: CULLEN, Dave. Columbine. Tradução de Eduardo Alves. Rio de Janeiro: Darkside Books, 2019. 544p.

 

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