Por Tisa de Oliveira

Se as Minas do Camaquã já é destino para aventureiros, turistas e estudantes, agora será para empreendedores ou quem está em busca de qualificação profissional. Isso porque a Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (AGPTEA) acaba de adquirir o Hotel Minas para implantar, no local, um Centro de Qualificação Profissional. O contrato de aquisição do imóvel foi assinado na quarta-feira, dia 13.

A Associação, uma instituição com foco no ensino agrícola gaúcho, tem como propósito disponibilizar cursos de capacitação, especialmente na área de produção de oliveiras. De acordo com o presidente da AGPTEA, Fritz Roloff, professores e estudantes do ensino técnico agrícola terão um novo espaço de capacitação e aprendizado.

“A partir do nosso compromisso com a educação profissional, a Associação vai investir na criação de um Centro. Trata-se de uma área com seis lotes, sendo um deles com dois hectares e mais um hotel. A ideia é transformar o local, que também servirá de hospedagem aos associados e à comunidade em geral. Será necessário investir em melhorias na infraestrutura, mas o espaço já está em condições de uso e, em breve, será aberto ao público”, informa.

Foi numa visita à Escola Técnica Estadual Dr. Rubens da Rosa Guedes que a Associação ficou sabendo que o imóvel estava à venda. Foi então que a AGPTEA começou a analisar a possibilidade de investimento e, além de dar seguimento na atividade de hotelaria e turismo, de criar algo a mais. Desta forma, nasceu o projeto como complemento para as escolas técnicas.

“Fomos conhecer as atividades ligadas à agricultura familiar, especialmente a produção de hortaliças em uma pequena propriedade. A família nos mostrou que é possível gerar boa renda, desde que as pessoas se qualifiquem, busquem o conhecimento e tentem incorporar novas tecnologias”, afirma Roloff.

 

Como irá funcionar o centro

 

A ideia é oferecer cursos rápidos de formação e de especialização não-acadêmica. A carga horária vai depender do tipo de curso, mas pode ser de um dia, uma semana ou até um mês, conforme a demanda. Os professores serão contratados de acordo com as necessidades que surgirem.

As atividades terão como foco as áreas da olivicultura e vitivinicultura, assim como também na noz-pecã, que, segundo a AGPTEA, é muito forte na região de Cachoeira do Sul. Outras culturas e temáticas entrarão no currículo, como o reflorestamento e a pecuária.

O presidente da AGPTEA destaca a importância de investir em uma área onde está surgindo um novo nicho de produção agrícola, que envolve as oliveiras, a noz-pecã e as videiras.

“O forte investimento na produção de oliveiras que está ocorrendo em Caçapava, aliado à criação de um Centro de Qualificação Profissional, com certeza, irá agregar valor à região. Por isso, queremos apoiar e disponibilizar mais cursos de qualificação profissional. Trata-se de um investimento que vale a pena em um espaço privilegiado como as Minas do Camaquã”, destaca.

 

Cursos devem iniciar em 2023

 

O Centro será implantado com recursos da Associação e terá o apoio de instituições regionais, principalmente, de Caçapava.

“A parceria com o município e também com as cidades vizinhas é fundamental, pois não temos nenhum interesse em fazer algo dissociado da realidade local. Então, é importante o diálogo, porque eles sabem exatamente qual é a real necessidade, e nós temos o know-how de ensino agrícola. Queremos ser colaboradores nesse sentido, para fomentar cada vez mais a formação de agricultores e de jovens. A escola tem a preocupação de dar uma formação ampla para que o aluno tenha uma visão empreendedora e possa fazer a diferença. Mas assuntos específicos precisam ser reforçados. Teremos, então, um amplo leque de atividades que podem ser implementadas” destaca Roloff.

O imóvel continuará sendo usado para hospedagem, mas passará por adequações para que possa receber os cursos. A ideia é aumentar a capacidade e atender mais pessoas. Hoje, a estrutura comporta 30 hóspedes, e a Associação quer chegar a 50.

A partir do final de setembro, o hotel será reaberto. Já os cursos devem iniciar no próximo ano, quando as mudanças no prédio estarão mais adiantadas.

“Buscamos uma parceria forte com a Emater e com os municípios para que possamos dar uma contribuição para a formação profissional de jovens e adultos, para que tenham mais possibilidades e que a vida no campo se torne economicamente viável. Minas do Camaquã precisa de incrementos, pois, depois de encerradas as atividades da empresa de mineração, ainda não há um nicho de atuação. Acreditamos que a olivicultura será um grande diferencial, pois está crescendo muito em Caçapava e, quem sabe, porque não ter lá, no futuro, uma indústria e o surgimento de novos empreendimentos. Essa é uma das nossas metas, ajudar e incentivar o desenvolvimento rural”, explica o presidente da Associação.

 

Funcionários públicos estaduais integram a AGPTEA

 

A AGPTEA é uma entidade que reúne, além dos professores do Ensino Agrícola, todos os professores do Rio Grande do Sul. Podem se associar professores e funcionários das escolas, além de todos os funcionários públicos estaduais, seja da Brigada Militar, Polícia Civil e todas as demais categorias, como sócios colaborativos e conveniados. Sócios efetivos são os professores ou funcionários de escolas, ligados diretamente ao ensino agrícola, mesmo que não desempenhem suas atividades nas questões técnicas.

 

Seminário de Solos e Cultura de Oliveiras será em agosto

 

Representantes da AGPTEA estiveram com o prefeito Giovani Amestoy (PDT) na quarta-feira, dia 13, para tratar sobre o seminário “Solos e Cultura de Oliveiras”, previsto para os dias 17 e 18 de agosto e organizado pela Associação em parceria com o Município. O evento acontecerá no Instituto Municipal de Educação, das 8h30min às 17h30min.

No dia 17, haverá um bate-papo com Celito Luiz Lorenzi sobre a Associação; a Emater abordará o tema “Solos”; e a companhia de mineração Fida oportunizará uma visita técnica à sua indústria. Já no dia 18, os produtores Jorge e Rosane Abdala e Renato Fernandes falarão sobre “Olivicultura”; e, para encerrar, técnicos da Emater falarão sobre fruticultura e Fabrício Carlotto fará uma consultoria técnica.

O seminário é gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo telefone (55) 9 9965-1467, com o professor Paulo Benites, integrante da Associação.

Foto: Paulo Benites/AGPTEA