O Banco Central, através do Boletim Focus, que é divulgado todas as semanas, serve como instrumento para as projeções e caminhos de alguns indicadores econômicos. Os últimos dados demonstram que a inflação está em alta em virtude de pressão nos preços dos derivados de petróleo; aumento da exportação das commodities, diminuindo a oferta interna; e dificuldade de reposição de alguns produtos. As empresas estão com dificuldade de aquisição de certos componentes, fazendo com que os produtos fiquem fora do mercado, diminuindo a oferta. Há quatro semanas, a inflação de 2021 era calculada em 4,71%, enquanto que na semana passada, já era de 4,85%. Hoje, a previsão é de que chegue em 4,92% com viés de alta.
Produto Interno Bruto (PIB)
Em relação ao PIB, a situação é inversa a da inflação. No mês passado, a projeção de crescimento do PIB era de 3,22% para este ano. Na semana passada, caiu para 3,08%, e hoje já está em 3,04%. É possível que este continue em queda, pois os números do mês de março foram negativos, e os do mês de abril demonstram que a economia continua enfrentando grandes dificuldades com a previsão de que o primeiro semestre seja todo negativo. Da mesma forma que no ano passado, a esperança é de uma recuperação a partir de julho. É bem possível que o PIB fique abaixo de 3%.
Taxa Selic
A taxa Selic hoje é de 2,75% ao ano. Segundo o Banco Central, ela pode chegar ao final de 2021 em 5,25%. No boletim de quatro semanas atrás, ela estava em 5%, e na semana passada, passou para 5,25% e se mantém hoje. É uma mudança bastante significativa. Na primeira reunião do Copom, em janeiro de 2021, foi mantida a taxa de 2%, a mais baixa desde 1996. A alta prevista significa mais do que o dobro da inicial. Juro mais alto significa menos acesso a financiamentos, mas permite mais entrada de recursos externos. Da mesma maneira, a elevação dos juros favorece o controle da inflação. Para 2022, a previsão é de uma Selic de 6%.
Dólar
Segundo o Copom, o dólar no fechamento deste ano estará em R$ 5,40. No mês passado, era de R$ 5,30, e na semana passada, R$ 5,37. No primeiro boletim do ano, a previsão era de um dólar a R$ 5,30, o que se alterou muito pouco em relação atual. Com estes números é possível afirmar certa estabilidade em relação ao dólar.
Situação econômica das famílias se agrava
O desemprego em patamares elevados e a inflação em alta estão achatando a renda das famílias brasileiras. Reflexo imediato desta situação é o crescimento da inadimplência. O pessoal está endividado. O Banco Central mostra que o comprometimento com dividas bancárias esta em 31,1%, e o endividamento das famílias é recorde: 56,4% da renda total. Deve ser levado em conta que somente é considerada inadimplência bancaria dívidas com mais de 90 dias. Poderia estar pior sem o auxílio emergencial de 2020. A chegada do novo auxílio, em valores muito inferiores ao do ano passado, será incapaz de alterar a atual situação. É bem provável que os valores repassados pelo governo federal servirão apenas para a alimentação. Neste momento, a situação das famílias brasileiras é de muita dificuldade. A fome e a miséria terá aumento significativo, provocando agitação e desespero da população. As diferenças ficarão maiores. Aos poucos, o “fique em casa” está caindo em desuso, e a volta às atividades poderá fazer com que o problema pare de crescer. Como resolver este problema? O setor público federal endividado está sem condições de fornecer ajudas mais polpudas tanto a empresas como a pessoas. Pelo que se vê, aqueles que mandaram fechar, governadores e prefeitos, na sua grande maioria, ficarão alheios ao problema. Algumas melhoras podem acontecer quando a roda da economia voltar a se movimentar, mas até lá, o dia a dia será cada vez mais duro. Para o vírus da fome inexiste vacina. Se puder, trabalhe!
Pense
A mentira é como o carvão: quando não queima, suja.