Irmão vento

Não sei por que ainda não foi aproveitado o vento que é tão forte em nossas paragens, a ponto de o Conde d’Eu, genro de D. Pedro II, sugerir que nossa cidade fosse transferida para terras mais ao nível do mar

Sempre que ouço alguém se queixar do vento, lembro de S. Francisco, que o chamava de Irmão. Não só a ele, mas a todas as coisas criadas por Deus. Irmão Sol, Irmã Lua… Todos os seres vivos e até os inanimados são criaturas que não foram criadas por acaso. E eu me penitencio, porque duvidei do vento. Na antevéspera de Finados, dia de muito calor e pouca aragem, pensei que ele não viria na hora certa. Enganei-me. Mas ele chegou tão forte com a chuva que as homenagens aos falecidos nos cemitérios tiveram poucas visitas. E as flores foram arrancadas dos vasos ou despetaladas.

Fico pensando: se não fosse o vento impulsionando as caravelas, os novos continentes demorariam ainda mais para serem descobertos. Outras civilizações, culturas, mentalidades e os temperos que vieram para tornar mais saborosos nossos alimentos não estariam ao nosso alcance. Houve também muitas tempestades e naufrágios, assim como guerras fratricidas pela conquista de novas terras. E as catástrofes continuam a acontecer.

Mas, nos nossos tempos, o vento foi canalizado para produzir energia e, assim, acabar com as fontes antigas de aquecimento que poluem e danificam o ambiente natural. Está faltando o quê? Vontade dos governos de investir no que promove a vida, o desenvolvimento das cidades, a descoberta de novos medicamentos e os antídotos para salvar vidas das pandemias. Em vez disso, lá no Oriente, aparelham-se exércitos com novas armas que destroem em minutos o que levou séculos para ser construído. E os países da ONU não chegam a um consenso para cessar os conflitos, porque seus interesses são egoísticos. Não querem perder economicamente.

Não sei por que ainda não foi aproveitado o vento que é tão forte em nossas paragens, a ponto de o Conde d’Eu, genro de D. Pedro II, sugerir que nossa cidade fosse transferida para terras mais ao nível do mar. Até São Sepé já tem sua usina eólica. Mas fico alegre de ver como os caçapavanos estão adotando a energia solar em suas casas e até nas indústrias.

E a Semana de Caçapava nos trouxe muitos motivos para comemorar. Nossos olivais, o Parque Geológico, as inovações nas profissões, produções e a nova mentalidade que está surgindo na Educação, nas famílias e na sociedade. Estamos estabelecendo um novo marco na história de nossa querida Caçapava. Parabéns, administradores, legisladores, empresários, professores, sociedade, pais. Vamos juntos promover o desenvolvimento social e humano de nossa terra, incentivando um clima de paz, igualdade e fraternidade na conquista do Bem que deve vencer.