Juan Preciado chegara a Comala em busca do pai, Pedro Páramo, para cumprir uma promessa que fizera à mãe em seu leito de morte. Ao partir em viagem, tem em mente a Comala nostálgica que ela lhe descrevia. Por isso, reluta em acreditar que está realmente chegando ao povoado quando o vê, pois não se parece em nada com os relatos que ouvia
‒ Hace calor aquí – dije.
‒ Sí, y esto no es nada – me contestó el otro –. Cálmese. Ya lo sentirá más fuerte cuando lleguemos a Comala. Aquello está sobre las brasas de la tierra, en la mera boca del infierno. Con decirle que muchos de los que allí se mueren, al llegar al infierno regresan por su cobija.
(RULFO, 2000, p. 66)
– Faz calor aqui – disse.
– Sim, e isso não é nada – me respondeu o outro –. Acalme-se. Você o sentirá mais forte quando cheguemos a Comala. Aquilo está sobre as brasas da terra, à beira da boca do inferno. Muitos dos que ali morrem, ao chegar ao inferno, voltam para buscar uma coberta.
(Rulfo, 2000, p. 66, tradução nossa)
Pedro Páramo, do mexicano Juan Rulfo, é uma das grandes obras do Realismo Mágico, vertente literária caracterizada pela ocorrência de coisas fora do normal para nós, leitores, mas completamente normalizadas na lógica interna da trama.
Narrada em primeira pessoa, com alguns trechos em terceira, nos mostra um homem, Juan Preciado, que chegara a Comala em busca do pai, Pedro Páramo, para cumprir uma promessa que fizera à mãe em seu leito de morte. Ao partir em viagem, tem em mente a Comala nostálgica que ela lhe descrevia. Por isso, reluta em acreditar que está realmente chegando ao povoado quando o vê, pois não se parece em nada com os relatos que ouvia.
Pedro Páramo era um homem muito rico, dono de todas as terras que a vista alcançava. Porém, quando Juan chega ao destino, descobre que ele morrera há muitos anos e ninguém mais mora por lá. Mas então, quem são todas aquelas pessoas que ele encontra? Lembranças? Espíritos? Fantasmas? Memórias?
O livro não é divido em capítulos, mas em partes que intercalam trechos no presente (quando Juan Preciado está em Comala) e no passado (seu trajeto até o povoado, o passado de seus parentes e de Comala). É possível que, ao mudar de uma dessas partes para outra, o leitor sinta certa confusão sobre quem as está narrando, em especial as que são em primeira pessoa, se é Juan ou seu pai. E é muito ruim quando sentimos que não estamos entendendo o que lemos. O que posso dizer é: persista e logo a dúvida se resolverá.
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