Manchetes da RBS

“A mulher negra, hoje em dia, está ocupando seu espaço na cultura, nas artes, nas profissões liberais, no aconchego do seu lar, nas escolas e onde ela mais quiser estar. Mas sua luta não foi e ainda não é nada fácil”

Há cerca de um mês, mais especificamente numa sexta-feira, dia 26 de julho de 2025 (explico bem para que, na posteridade, as pessoas saibam a época da escrita), ouvi, num mesmo programa, três manchetes no RBS Notícias que chamaram minha atenção por motivos diferentes e bem distintos entre si:

Comemorava-se, em Porto Alegre, depois de um ano sem eventos por causa das enchentes de 2024, o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha.

Comemorava-se, em São Leopoldo, 201 anos da chegada dos primeiros imigrantes alemães ao nosso estado.

Os governos de Gramado e Canela comemoravam a grande afluência de turistas neste inverno.

A mulher negra, hoje em dia, está ocupando seu espaço na cultura, nas artes, nas profissões liberais, no aconchego do seu lar, nas escolas e onde ela mais quiser estar. Mas sua luta não foi e ainda não é nada fácil.

Está se encerrando a cultura tradicional e costumeira de que a mulher negra e pobre só conseguia circular na cozinha das casas alheias. A sociedade, aos poucos e bem devagar, vai emancipando esse segmento social: não é fácil, porque os negros, de uma maneira geral, foram libertados em 1888 e largados aos Deus dará, sem instrução, sem dinheiro e sem apoio dos governos para sobreviverem.

Entendo, também, que alguns movimentos que buscam igualdade racial hoje em dia são vitimistas e excludentes, porque são de índole racista, no sentido contrário da igualdade que pretendem alcançar. São um tanto quanto segregacionistas, porquanto a igualdade não precisa de propaganda midiática para ser conquistada, mas de formação profissional e trabalho digno.

A chegada de milhares de alemães ao Rio Grande do Sul foi muito significativa, tornando-se a maior comunidade migrante de origem europeia no Brasil. Depois deles, vieram os italianos, que, com muito trabalho e esforço pessoal, colonizaram a Serra Gaúcha, na região de Caxias e arredores. Essa gente do além-mar, de pele clara e olhos azulados, de cultura mais evoluída, iniciou a industrialização e revolucionou a agricultura familiar no estado, o que, ainda hoje, passados esses duzentos anos, mantém suas marcas de progresso e religiosidade familiar. Seus traços culturais também se expandem pela miscigenação com negros e gaúchos ditos pelos duros.

Antes dos europeus, nossa população vivia da criação de gado e da produção agropastoril, na vastidão das estâncias, nas charqueadas, no lombo dos cavalos, tropeando para Sorocaba, abrindo novos caminhos nos cascos das mulas de carga.

Por fim, o turismo das hortênsias – fabricado, organizado e bem administrado, gerando emprego e renda nas belas cidades de Gramado, Canela, Veranópolis e outras – está consolidado enquanto polo de culinária, artesanato, vestuário, etc. Quanta diversidade em nosso solo sulino, progressista e desenvolvido, a ponto de despertar a curiosidade e a visitação de gente de outros estados. E temos muito mais para vender e nos orgulhar, basta percorrerem a campanha invernosa e acolhedora.

Mas, cá pra nós aqui da Gazeta, frio é muito bom para passeio de férias, com poucos dias de sofrimento. Imaginem a rotina de inverno dos trabalhadores campeiros (da agricultura e pecuária) ou daqueles que lidam com obras. Não dá para ficar se faceirando, tremendo de frio, gripado e molhado de chuvisqueiro!