Vocês, por certo, hão de lembrar por quantas vezes escrevi sobre a máscara durante esta vasta pandemia da já histórica Covid. Por vezes, falei muito sério sobre a utilidade daquele equipamento desagradável e, por outras, falei de brincadeira, inventando causos e chistes pela obrigatoriedade do seu uso. Teve até um “gaudério” que fabricou uma de pele de cordeiro, protetora e lubrificante facial.

Pois agora, durante o Carnaval de 2022, quando muita gente portava máscara para brincar, disfarçado de outros personagens ou para se esconder das companheiras e namoradas ciumentas, o nosso governador assinou um decreto, dispensando o uso obrigatório do equipamento para crianças menores de 12 anos. Ele que deixou cair a sua máscara de vida justo neste período pandêmico: admitiu que é gay e governa, em certas ocasiões, de bombacha o Estado em que a maioria dos homens levanta a bandeira do machismo corajoso e qualificativo de que todo gaúcho é macho e precisa sê-lo. Se não, não se cria nesta nossa terra bravia de guerreiros campeiros, ginetes e peleadores.

Quando foi para vacinar as crianças, o nosso presidente “meio que destrambelhado” nas suas falas, defendeu a não vacinação por diversos motivos. Caíram de pau mais uma vez em cima do agora candidato declarado e em campanha pela reeleição ao Planalto, adjetivando-o de genocida e outras cositas más.

Acredito que o governador, que, dizem por aí, vai concorrer a presidente por outro partido, quis foi dar uma de avançado e previdente ao liberar a gurizada para ir para a escola sem máscara. Só que guri não vota, e a maioria dos pais ficou atarantada com o “pode, não pode” político no final da pandemia acachapante.

Todo mundo dá seu pitaco com relação à saúde das pessoas, inclusive interferindo em alguns direitos básicos dos cidadãos, mas de verdade mesmo, ninguém pode legislar com absoluta certeza de que não está fazendo e decretando bobagens que prejudicam a economia e atrasam a vida da maioria. Há muitos diagnósticos conflitantes quanto ao enfrentamento do maligno intruso, o vírus mutante que anda solto pelo mundo, causando tantos estragos, há mais de dois anos.

Politizaram a pandemia, e agora vão fazer campanha eleitoral em cima dela. Aliás, como já fizeram nas eleições passadas, discursando em defesa da vida para uma população assustada pela novidade da doença, e utilizando as máquinas públicas para comprarem a confiança das criaturas desconfiadas.

Enquanto isso, poucos têm coragem para sair de trás das máscaras que utilizam para esconder as próprias mazelas, fraquezas e comportamentos reprováveis que precisam esconder. E impõem máscara para os outros que nem precisariam, porque enfrentam a vida de cara limpa, na luta diária de ganhar seu pão. Se escondem sempre aqueles que precisam do disfarce para encarar o mundo. Na política, então, nem se fala…