No mato, sem cachorro

Fiquei sem eira nem beira, sem lenço e sem documentos, num verdadeiro mato sem cachorro, conforme costumavam falar os mais de antigamente

Segunda-feira, dia 16 de outubro de 2023, me preparei para enviar a croniqueta semanal para a Gazeta, e o computador travou. Mais sem serventia do que mula empacadora. Justo quando abri a Décima Eleitoral, anteriormente escrita para mexer com o eleitorado e os mais de 10 pré-candidatos a prefeito na eleição que acontecerá daqui a exatos 12 meses. O “bicho” se “estaqueou”, assim, sem mais nem menos. E com ele se foram todos os meus arquivos de causos, crônicas, músicas e poesias que tinha guardado.

Fiquei sem eira nem beira, sem lenço e sem documentos, num verdadeiro mato sem cachorro, conforme costumavam falar os mais de antigamente, quando o vivente, perdido no mato e sem o companheiro, além de não caçar nada, ainda pode acabar sendo almoço de javali ou coisa que o valha. Até porque não existe caçador sem cachorro para levantar as caças amoitadas pelas furnas, grotas e galhos de pau nestes tempos chuvosos. Naquela situação que, se correr, o bicho pega, e se ficar parado, o bicho come.

Havia de inventar uma estória nova, já que para reescrever a décima aquela, vou ter de dar uma pensada com mais tempo, para tentar me lembrar de todos os versos e de todos os nomes que as precoces pesquisas estão apontando. Tem até um sujeito que, assim que terminou a eleição passada, já emendou outra campanha na água morna da falta de inventividade, a não ser criticar “o que está aí”, sem soluções compatíveis com a realidade periclitante.

Nestes dias passados, o Brasil não conseguiu vencer a Venezuela, e a Guerra da Ucrânia saiu das manchetes porque os transloucados do Oriente Médio resolveram brigar de novo, para matar mais um pouco de gente inocente em nome da religião que, quando aliena as pessoas e politiza suas ações, já não é mais um bem que busca a salvação da alma, mas um fanatismo que constrói o caos e desgraça quem menos tem culpa para espiar.

Se já é difícil para um país, e para as pessoas que vivem nele, sobreviver com dignidade num ambiente de paz, imaginem no meio de uma guerra de destruição em massa, na qual a vida dos inocentes nem é levada em consideração.

Nosso Brasil, e nós todos juntos, temos dificuldades de toda ordem: saúde precária, falta de emprego, dinheiro curto, tráfico de drogas corrompendo a sociedade, educação capenga, política corrupta, mas ainda vivemos em paz, e as riquezas nacionais servem, bem ou mal, para o nosso povo, e não para gastar em armas e munições para gerar destruição de vidas e de estruturas.