Maio, desde o nome, soa como poesia e romance. Pois as noivas do século passado sonhavam com este mês para marcarem a data do casamento. Havia rosas para enfeitar os altares, o tempo era agradável, nem quente e ainda não bem frio, e a natureza ainda vibrava com os calores do verão.

As costureiras – hoje estilistas ou designers – se enchiam de encomendas. Muitas nem aceitavam o compromisso, era sério demais. Mas havia as especialistas, que não poupavam esforços para superar-se ano após ano. As revistas – figurinos – especializadas para vestidos de noiva chegavam a perder suas capas de tão manuseadas pelas freguesas que ficavam nervosas e indecisas pela escolha.

Havia também a preocupação com os acessórios, véu, grinalda, buquê e sapatos. Além do enxoval, que era preparado com um ano ou mais de duração. Lembro que me entusiasmava com os preparos de minhas manas, começando  logo depois do pedido do noivo e da colocação da aliança, e cheguei até a bordar – ou apenas começar – alguma peça do enxoval. Depois me cansava com a demora, ponto por ponto…

Os pais precisavam dividir-se entre as providências da festa e a saudade prematura daquela menina de seu coração. Era bonito ver a entrada da noiva na igreja pelo braço do pai. Que mistura de emoções na hora de entregar aquela jóia ao seu futuro marido. Orgulho, medo, alegria de vê-la feliz, e o sentimento de perda irreparável… A mãe contendo as lágrimas, rezando pela felicidade da filha. Mas compreendendo que aquele era o passo certo para sua realização de mulher. Depois, os netinhos.

Após a missa, muitas senhoras e moças permaneciam na igreja para apreciar a cerimônia. Com boas ou más intenções, conforme seu caráter. Umas eram especialistas em criticar o look da noiva, do noivo e dos convidados; outras, mais bondosas e românticas, vibravam com o ar de felicidade dos noivos. E sonhavam que seu dia chegaria também.

Estamos em outro século e em outro milênio. O mundo é outro. A sociedade, a vida familiar, os costumes e os meios de comunicação deram passos largos – ou pulos – na sua evolução. Os jovens, hoje, não deixaram de amar e apaixonar-se. Mas o processo é outro. Primeiro ficam, se continua a dar certo, namoram. Quando ficam noivos, é porque o compromisso ficou sério. Muitos não passam desse estágio, mas ficam juntos o resto da vida.

Certo ontem, errado hoje, quem pode julgar? Sinto pena dos pais que já não entram na igreja com a noiva; das mães, que são desobrigadas dos enxovais de suas filhas, do prazer na preparação da festa, no envio das participações de noivado e dos convites cuidadosamente confeccionados para o casamento. Hoje, quando os pais vêem, a filha arruma as malas e comunica que vai morar com o Fulano. É a vida, não se pode fazer nada para desacelerar essa corrida. O importante é que o Amor não se acabe, e que sejam felizes para sempre.

Salve as noivas de Maio, ontem, hoje, e no futuro.