A escolha do livro desta semana foi baseada em sugestão de um leitor da coluna, o Diego. Ele indicou as estórias de Arsène Lupin, personagem criado por Maurice Leblanc. Decidi começar pelo começo: O ladrão de casaca: as primeiras aventuras de Arsène Lupin.
Nessa obra, dividida em nove capítulos, tudo começa em um navio de passageiros, logo após a invenção do telégrafo sem fio. A estória é narrada em primeira pessoa por um dos viajantes, que conta sobre a descoberta de que o famoso ladrão Arsène Lupin estava a bordo e o consequente temor que tomou conta de todos. A mensagem fora recebida via telégrafo, que teve o sinal cortado no exato momento em que saberiam que nome ele utilizava, deixando a todos curiosos e prontos a tentar desvendar esse mistério.
No final do capítulo, concluídos os acontecimentos no navio, há uma mudança de narrador, que passa a ser alguém que conhece Lupin e que contará algumas de suas aventuras, ouvidas do próprio ladrão. Mas não será sempre esse amigo o narrador. O capítulo quatro é narrado em primeira pessoa por Arsène Lupin. E mesmo em outros que são narrados em terceira, não fica claro que se trata sempre do mesmo amigo.
O ladrão de casaca: as primeiras aventuras de Arsène Lupin pode ser definido como uma breve biografia do personagem, pois conta um pouco de sua infância, sua iniciação no crime, até seus roubos mais arriscados, mantendo, inicialmente, uma ordem cronológica dos fatos e, depois, retornando a eventos passados.
A partir desses relatos, vemos que a principal característica de Lupin é a ousadia de praticar roubos bem debaixo do nariz de todos. Além disso, há uma unidade entre as vítimas: são muito ricas e possuem bens valiosos, dentre os quais ele escolhe a dedo quais roubar.
Inteligente, pensa em todos os detalhes, vê possibilidades que ninguém mais consegue. Lupin pode ser visto como a “versão ladrão” de Sherlock Holmes. Mas uma grande diferença está no humor dos dois personagens: enquanto Holmes é um sério detetive, Lupin debocha de suas vítimas e dos investigadores. E é essa personalidade do ladrão, além dos métodos que utiliza, que impressionam o público – tanto dentro como fora do livro – e o deixa ansioso pelo próximo ato.
Referência:
LEBLANC, Maurice. O ladrão de casaca: as primeiras aventuras de Arsène Lupin. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. 1ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. (Clássicos Zahar; Bolso de luxo)