Debaixo do guarda-sol, fico acompanhando os movimentos das jovens mamães ao redor. Elas conversam sobre os filhos, maridos e seu dia a dia de jornadas duplas, uma no trabalho, e a outra sem hora para acabar nos cuidados domésticos. Fico com peninha delas, mas já passei por tudo isso. O que mudou foi a falta que lhes faz uma babá ou titia para acompanhar as crianças, o que não me aconteceu, pois contei com a tia Neusa, que foi a segunda mãe perfeita para os meus guris.
Os problemas da escola e das amizades dos pequenos também preocupam as mãezinhas de hoje. Ora as menininhas estão em grupos compatíveis em temperamentos, lideranças e estabelecimento de regras para os jogos, ora se desentendem, porque ainda não sabem perder. Mas, nas férias, se lhes faltam companheiras, vem o tédio, até encontrarem uma parceira na praia ou na piscina.
Lembro o pátio espaçoso da antiga casa, onde meus filhos brincavam com os meninos da vizinhança. Era fácil vigiá-los e levar-lhes um lanchinho. Mas nada disso eu comento com minhas jovens companheiras. A cada fato que comentam, eu lembro outro semelhante que também me ocorreu. Mas guardo comigo, pois lembro Dona Odúlia, aquela suave vovozinha que morava com a filha única, o genro e a neta. Ela sempre tinha casos para contar de acordo com o assunto em pauta. O genro, com todo o respeito, pedia “Me dê licença” para continuar a conversa interrompida. E na primeira oportunidade, Dona Odúlia voltava com suas histórias que tinham muitos parênteses.
Confirmando o que dizia nosso saudoso Mário Quintana, a prosa dos velhinhos tem muitos parentes e fatos entre parênteses.
Os idosos têm experiência e sabedoria, afirmam os entendidos. Mas o que aconselhar se o mundo está mudado? Novos desafios, novas soluções.
Por isso, fico calada, contemplando as ondas que vão e que vêm. Elas falam comigo. E trazem lembranças que abrangem quatro ou cinco gerações da família. Vejo meu pai feliz nas ondas. Ou amparando mamãe, que só chega na beirinha. Minhas manas cuidando de seus bronzeados, sobrinhos aventurando-se mais longe, depois meus filhos.