Ó, namorados!

O perfume das flores, o chilreio dos pássaros, a lua cheia e tantas outras demonstrações da natureza ficam mais fortes, ouvidas e contempladas com mais sensibilidade

Os poetas de outros tempos morriam de amores por suas amadas. E quanto mais sofriam por não serem correspondidos, mais inspirados ficavam nas suas poesias. Eram lamentos de cortar o coração.

Os tempos mudaram, os jovens são menos românticos e mais realistas do que antes, e dificilmente se entregam aos sonhos de “só você e uma cabana.”

Pois é, mas dizer que o sentimento de enamorar-se acabou é uma tremenda fake news. O tremor dos joelhos, a palpitação mais acelerada e aquela falta de ar momentânea ao encontrar-se com o objeto de seus sonhos ainda existe. Muitos jovens modernos não se envergonham de confessar.

O perfume das flores, o chilreio dos pássaros, a lua cheia e tantas outras demonstrações da natureza ficam mais fortes, ouvidas e contempladas com mais sensibilidade quando o coração está enamorado.

Lembro uma amiga e seu romance de amor. A felicidade quando ele chegava. A tristeza na hora da partida. Depois, a espera do carteiro… Cartas amorosas semanais, aos poucos mensais, depois um silêncio desesperador. Ela abria a caixinha de madeira do Paraná – um presente em moda naquela época – e relia as cartas recebidas, cheirava uma flor murcha lembrando um carinho; até o canhoto de um ingresso de show a que foram juntos a lembrava de sua companhia…

Ah, namorados! Como sofrem seus corações! As incertezas de serem amados tanto quanto amam. Os ciúmes, quando alguém se interpõe entre os dois; e o medo da separação.

Namoros longos que “perderam a graça”. Difícil é decidir-se em acabar, quando esse desejo é unilateral. Difícil é reatar quando as desilusões não são esquecidas. Fica um travo de amargor na convivência. Felizes os casais que conseguem superá-las.

Pois bem, neste dia, desejo que Sto. Antônio abençoe os namorados que não desistem de amar, mesmo sabendo das amarguras que podem sofrer. Que seria do mundo se eles não tivessem a coragem de enfrentar os dissabores em meio do caminho. Se deixassem de lutar pelo amor de seu príncipe encantado… Ai de nós, que agora só recordamos, deixando de lado as dores para concentrar-nos nas magias que o amor nos proporcionou.

Chegamos ao Limbo, onde ciúmes, desilusões, desconfianças e traições não mais nos atingem. Estamos em outro patamar. Mas lá bem no fundo do coração, sentimos saudades daqueles tremores nos joelhos, da falta de ar e o coração palpitando acelerado de nossa era do Amor.