Não bastassem a pandemia da Covid-19, com seus milhões de vítimas fatais e outras marcadas para sempre, física e psicologicamente; as guerras, que apesar de distantes nos trazem grandes prejuízos na economia, na saúde e na educação; os flagelos ambientais, a fome e tantos desabrigados, desterrados, famintos e sem esperanças, agora voltou, mais forte do que se tem notícia, o vírus da intolerância.
Minha acompanhante da noite – meus filhos não querem que eu fique sozinha – chora diante da televisão, vendo as cenas de guerras da Rússia invadindo a Ucrânia; dos ataques de israelitas e muçulmanos, que não poupam nem as mesquitas ou escolas. E eu tenho que desligar das notícias, mas até as novelas estão cheias de crimes e violência. Haja calmantes para tantos nervos abalados.
Pois agora até o prazer de assistir a um bom jogo e poder torcer pelo time amado ficou comprometido pelas brigas e depredações, pichações e apedrejamentos das torcidas que não sabem perder. As ofensas racistas, quanto mais condenadas, parece que até aumentam.
O crime organizado está mais forte do que nunca, e armas como submetralhadoras restritas às forças militares já nem causam mais espanto. De onde vêm?
Escolas e Agências de Saúde seguidamente têm de fechar suas portas por culpa das quadrilhas enfrentando a polícia em suas batidas costumeiras. Sempre, ou quase, uma vítima de bala perdida aparece. Muitas vezes, crianças.
Mais grave ainda quando os conflitos se dão nas famílias. Feminicídios, brigas de irmãos por motivos banais, futebol, política, herança, ciúmes. A taxa de divórcios e separações de casais aumentou assustadoramente nas últimas décadas, em especial no período da pandemia. Mães que abandonam ou matam seus filhos, onde está seu coração?!
Temos de tomar certos cuidados. Nada de expressar nossas preferências políticas ou por agremiações em público ou mesmo em reuniões da família. Nem todos estão do mesmo lado, e as diferenças separam quem já esteve bem unido.
Felizmente, a Páscoa chegou com sua mensagem de paz e amor. Em toda a Quaresma, as Igrejas e associações religiosas pregaram o bem, o perdão, a fraternidade. Sentimos que bênçãos copiosas foram derramadas sobre nós, as famílias, nossa cidade e o mundo. Porque o Bem é a semente que veio para brotar e derrotar o Mal. E ficamos mais confiantes e unidos para propagar os ensinamentos divinos que acabam com as intolerâncias e nos colocam num mesmo pé de igualdade. Somos todos iguais perante Deus e, como a variedade de flores de nossos jardins, nossas diferenças de matizes servem para enfeitar, dar mais colorido a este mundo, terra de todos nós.