Os bailes da vida

Eles refrescam a nossa alma, alegram os nossos ouvidos, lubrificam nossas gargantas nas geladas, aproximam pessoas nos “amores”, estreitam amizades, alargam os horizontes nas relações e fazem muito bem para a saúde

Bailar é o mesmo que dançar e sua origem vem de muito longe. É “cousa” muito antiga, dos tempos da Idade Média lá pela Europa, que foi dos anos quatrocentos e pico até mil quatrocentos e outro pico. Faz tempo que o povo anda dançando pelo mundo a fora.

Dizem que começou pelos palácios, para divertir as realezas e seus apaniguados, na sua maioria gente que comprava títulos de nobreza para se exibir perante a aristocracia da época.

Depois vieram os clássicos, como o ballet na França, na sua Belle Époque. Os africanos, índios, gregos e todo mundo evoluindo, se pintando, fantasiando, caprichando na figura, enfim, se arrumando para o exercício festivo em grupos e ocasiões especiais.

Aqui em Caçapava, ficaram famosos os bailes para a alta sociedade, no tempo em que fomos Segunda Capital Farroupilha, e que existia aquele tipo de gente “alta”. Depois, os galantes Bailes de Debutantes e os dos clubes União e Recreativo em datas festivas de calendários comemorativos.

Lá pelo final do século passado, anos 60/1970, por aí, foram construídos os CTGs, onde passou imperar os Bailes Gaúchos, marcando uma época em que não era mais vergonhoso andar de bota e bombacha, nascendo ali um certo modismo na prática do gauchismo, por parte dos jovens de origem campesina.

Pra fora, haviam os salões e casas de baile, com fraca iluminação e pouca amplificação, dependendo da goela das gaitas e dos cantadores. Bailes de noite inteira, com uma janta baguala (arroz com galinha, linguiça frita com café preto bem doce e até churrascos) lá pela metade do furdunço que acompanhava o sumiço do sol.

Hoje em dia, há bailes para os diversos gostos e, em alguns, entreveram idades, classes sociais e indumentárias.

Tive analisando esse fenômeno ou costume social, e identifiquei nele algumas vantagens para um melhor viver: os bailes refrescam a nossa alma, alegram os nossos ouvidos, lubrificam nossas gargantas nas geladas, aproximam pessoas nos “amores”, estreitam amizades, alargam os horizontes nas relações e fazem muito bem para a saúde.

E tem mais: quase todo mundo que frequenta tais espetáculos, se renova e se ajeita para participar das festas. Muitas pessoas se fazem mais bonitas e melhor trajadas para enfrentar as noites no embalo de músicas variadas e artistas diversos.

Para os idosos e aposentados, é uma terapia e uma ocupação interessante, que preenche lacunas nas áreas do lazer e da saúde, pelo exercício físico que proporcionam.

Há poucos dias, descobri que existem pessoas que só se encontram nos bailes para dançar, se curtirem e tomarem uma cerveja juntos. Terminado a festa, vai cada um para seu lado, no caso suas casas, para voltarem a se encontrar no próximo fim de semana.

Viva os bailes e os bailarinos, até porque a vida de muita gente boa passa por aí, no ritmo de cada par que se abraça nos salões, transferindo afetos e buscando o prazer na “viagem” das danças.