Praga ou víbora?

São poucos os políticos bem sucedidos, que enriqueceram com a política. Em nossa cidade, só conheço um. A grande maioria perde dinheiro, se incomoda, responde na justiça

          “Ela não larga deu

           e eu não largo dela

           e quando eu chegar lá em casa

           eu vou fazer amor com ela”

Esta estrofe aí acima faz parte de uma música do forró obrigatória em todo bailinho popular, atualmente, em quase todos os salões e clubes da cidade.   Apaixonado, o dito cujo, do primeiro ao quinto. Ainda mais nestes nossos tempos culturais, quando o apelo em trajes e letras nos remete para a sexualização dos espetáculos (música, teatro, TV, etc). Todo mundo valoriza o seu produto mais vendável.

Mas, para lhes encompridar a lorota, me travesti de pensador, e vejam o que descobri: esse forró poderia muito bem estar falando da desgraçada da política, quando resolve infernizar a vida de um simples cristão. A pessoa se encambicha na política partidária porque fica fascinada com o glamour e o status social desses graúdos de terno e gravata que aparecem na televisão magnetizando as pessoas com status de celebridade e morre de velho se imaginando tão poderoso, acreditando ser capaz de transformar o mundo para outras gerações viverem mais e melhor.

O cidadão se mete nesse furdunço nem desconfiando que é baile de cobra e, quando se dá por conta, já foi picado e envenenado por mais de uma vez. E aí, nunca mais se liberta, como que hipnotizado pelas luzes e cores do novo caminho.

O argumento de ajudar as pessoas e servir ao povo é o que move o desejo da maioria de nós. Digo isto porque já fui mordido por essa víbora perigosa e colhi abundantemente dissabores bem amargos ao longo de vinte anos de atividade.

São poucos os políticos bem sucedidos, que enriqueceram com a política. Em nossa cidade, só conheço um. A grande maioria perde dinheiro, se incomoda, responde na justiça por falhas burocráticas (administrativas) ou de assessoria e, somente quando vai para a tumba, é que seus abacaxis são descascados com a extinção dos processos que lhe atazanam por toda uma vida.

Mas, mesmo assim, não para de aparecer gente nova se arriscando nas urnas a cada pleito. Vejam os casos do Lula e do Bolsonaro: investigados, perseguidos, sem paz de espírito, sempre dando explicações/versões e se defendendo, sempre na boca do povo. Ninguém merece… mas muitos acreditam e perseveram na empreitada.

Ah, recentemente, em outubro,  teve “inleição” e mais uma vez, quando os pobres viraram importantes na briga de foice da conquista do voto, foram escritas estórias de fracassos e vitórias pessoais e partidárias. Mas, não se iludam, outros noviços e até mesmo alguns mesmos mais antigos, já estão articulando retornos e novas tentativas para mais um porre dessa cachaça da braba. É a eterna luta pela conquista do poder.