Prepare-se para a Festa do Azeite de Oliva

Segunda edição terá atrações para todos os gostos, em uma estrutura montada no Largo Farroupilha e com atividades no Clube União. Nesta reportagem, detalhamos a programação da Festa para ajudar o leitor a desfrutar ao máximo o evento

Por Clarisse de Freitas

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Na tarde de ontem, foram ajustados os últimos detalhes na estrutura que abrigará os estandes (Crédito: Luiz Felipe de Oliveira/Gazeta de Caçapava

Perceber os sabores que diferenciam o azeite local

Passados quase 20 anos do começo do cultivo de oliveiras em Caçapava, boa parte do Rio Grande do Sul também está envolvida na atividade. E, a cada safra, alguns azeites gaúchos são reconhecidos internacionalmente como os melhores do mundo – na última semana, o ranking Flos Olei, conhecido como o “Oscar dos azeites”, colocou 10 marcas do Estado em sua lista. Mas como é que se reconhece a qualidade de um azeite?

Aproveite sua visita à Festa do Azeite de Oliva para entender tudo sobre amargor e picância – as duas características que, junto ao aroma frutado, diferenciam o azeite de qualidade. Cada variedade de azeitona tem suas particularidades, que ficam ressaltadas em azeites monovarietais (feitos com azeitonas de um único tipo) e criam sabores interessantes, quando compõem blends (misturas).

Na Festa, o visitante terá a oportunidade de conhecer produtos de diversas características, de 11 marcas diferentes. A dica é conversar com os produtores, entender quais os sabores diferenciam cada azeite e, claro, degustar. Esta prova de sabor pode ser feita com o azeite puro, servido num copo ou colher, ou em um pedacinho de pão. De uma forma ou de outra, é aconselhado que o visitante sinta o aroma e as sensações na boca e na garganta.

Além do teste sensorial nos estandes, a programação de sábado (07) traz palestras e oficinas para uma imersão no universo dos azeites. No Clube União, irá acontecer o fórum técnico “Olivicultura e Olivoturismo no Território Geoparque”. Pela manhã, alunos da Coeducar vão demonstrar um teste caseiro que permite distinguir azeites de oliva puros de produtos misturados com outros óleos. Na sequência, diversos especialistas vão abordar temas ligados ao plantio (como implantação e nutrição de pomares), à extração dos azeites, ao potencial turístico, à formação técnica e à inovação científica (veja quadro abaixo).

Mas a missão de conhecer os produtos na II Festa do Azeite de Oliva não estará completa se o visitante sair antes de ter uma experiência gastronômica. Para proporcionar essa vivência de sabores, a praça de alimentação conta com oito estandes, que irão ofertar criações especiais: pratos que harmonizam com azeite de oliva. Nesta mesma linha, na sexta-feira, será realizado o Jantar do Cordeiro e do Azeite de Oliva – promovido pelo Rotary Club Sentinela – e, no sábado, será feito o “assado do pampa”, que inclui até um cordeiro inteiro. Já no domingo ao meio-dia, será servido um carreteiro para até 500 pessoas, preparado em parceria com o IRGA.

O céu é o limite

Que o potencial da olivicultura no Rio Grande do Sul é grande, não há dúvidas. Um levantamento da Embrapa aponta que o Estado, sozinho, tem áreas potenciais – com características de clima e solo – que chegam a um milhão de hectares. Terreno suficiente para ultrapassar a área plantada na Espanha, o maior produtor mundial de azeite.

Porém, as possibilidades abertas pela olivicultura não se restringem ao investimento direto nos pomares. Além da criação de uma gastronomia diferenciada, presente em toda a praça de alimentação, será possível conhecer algumas outras vertentes.

A primeira é de carreira. Na Festa, a Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (AGPTEA) irá apresentar seu projeto de criação de um centro de formação profissional para capacitar trabalhadores a atuarem com cultivos como o de oliveiras. Já a Unipampa e a UFSM, em conjunto, vão abordar como a olivicultura tem desafiado os pesquisadores a encontrar destinos econômicos para subprodutos que atualmente são descartados – como é a “sansa”, a massa de azeitonas e caroços que resta depois da extração do azeite.

Neste sentido, em um espaço dedicado ao bem-estar, será possível conhecer a linha de cosméticos Arbosana by Don José e a massagem com azeite de oliva. Os produtos e técnicas já são aplicados pela massoterapeuta Catiane Rodrigues, no espaço Serenity Care. Essa linha de cosméticos foi desenvolvida dentro do programa de pós-graduação da UFN, em Santa Maria, a partir da criação de um extrato de folhas de oliveira (rico em polifenóis). A produção dos cosméticos deve ganhar escala a partir do próximo ano, quando a startup Arbosana passar a operar dentro do Centro de Tecnologia e Inovação da Universidade Franciscana.

Uma imersão no Geoparque

A estratégia de desenvolvimento territorial do programa de geoparques da Unesco pressupõe a consolidação do turismo de base comunitária. Isso significa que moradores locais precisam ser protagonistas do processo e desenvolver empreendimentos que atendam à demanda dos turistas atraídos pela beleza geológica única, atestada pelo selo da Unesco.

Uma das indicações, neste sentido, é que os territórios que são nomeados geoparques tenham ao menos uma festa que celebre as características locais. Esta é, justamente, uma das propostas da II Festa do Azeite de Oliva, que vai proporcionar aos visitantes (tanto caçapavanos, quanto turistas) uma imersão no Geoparque.

Na área montada junto ao Largo Farroupilha e no saguão do Clube União, será possível conhecer – e adquirir – peças de artesanato criadas especialmente para representar o município. São os geoprodutos, que incluem, ainda, doces e quitandas típicas que também estarão disponíveis. Além disso, um espaço de divulgação turística do município será montado no Clube União – de tal forma que o visitante da Festa possa planejar o que conhecer.

Em termos estratégicos, a II Festa do Azeite de Oliva irá promover, na tarde da sexta-feira (06), o Fórum de Integração. A reunião, que busca articular prefeitos de toda a região, vai abordar temas centrais, como as estratégias de desenvolvimento turístico a partir dos geoparques Caçapava e Quarta Colônia; a demanda da olivicultura pela correta classificação dos produtos vendidos no Brasil; e as relações entre os municípios e o Governo Federal. Para este evento, está confirmada a presença do secretário executivo da Secretaria de Comunicação do Governo Federal, Ricardo Zamora, e são esperados membros dos governos federal e estadual, deputados e outras lideranças.

Caçapava marca posição estratégica na olivicultura

Realização da Festa do Azeite de Oliva dá protagonismo ao município

O conceito de “terroir”, criado para sintetizar as características únicas que o solo de determinada região confere a seus vinhos, é também aplicado para os azeites de oliva. Cada parte do planeta tem, na terra, características peculiares (minerais e microrganismos) que tornam os produtos inconfundíveis. Assim é com Caçapava, onde o azeite produzido tem aspectos próprios relevantes.

Este entendimento, consenso entre os olivicultores, foi um dos motivos para criar a Festa do Azeite de Oliva, que celebra sua segunda edição. Como explica Rosane Abdala, produtora do azeite Don José, o município foi precursor no plantio de oliveiras no Estado e, com a realização da Festa, consegue mostrar os diferenciais de seus produtos.

Entretanto, manter a festa em 2023 foi um desafio. Diferente do que houve na primeira edição, quando o evento recebeu aportes estaduais via Lei de Incentivo à Cultura, neste ano, a realização precisou ser viabilizada apenas com patrocínios. Mudanças feitas na seleção de projetos pela LIC deixaram sem financiamento eventos grandes e tradicionais, como a Feira do Livro de Porto Alegre. “Então, montamos uma comitiva e fomos buscar patrocínios”, conta Rosane.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Caçapava do Sul, Eraldo Vasconcelos, avalia que não foi fácil fazer os ajustes, principalmente quando nem todos os patrocínios acordados se confirmaram. “Ainda assim, o público terá uma grande festa”, assegura ele. Vasconcelos considera que o evento ganhou ainda mais relevância com o reconhecimento do município como Geoparque Mundial da Unesco. “A Festa será uma espécie de cartão de visitas. Vai atrair muita gente, que precisa ser bem recebida para voltar outras vezes”.

O produtor do evento, Ignácio Lemos, ressalta que houve ampliação da infraestrutura neste ano e que boa parte do orçamento aplicado é injetado diretamente na economia local, pela contratação de serviços e a geração de empregos temporários. “Além disso, a Festa movimenta a economia como um todo, seja pela venda de azeites nos estandes, pela ocupação dos hotéis, ou ainda pelo movimento gerado em restaurantes e postos de gasolina”.

Ele ressalta que, em 2022, na abertura da Festa, foi registrada lotação máxima nos hotéis e pousadas da cidade, situação que tende a se repetir. “É importante dizer que este evento foi construído por um comitê de voluntários, que com recursos próprios foi a Brasília e a Porto Alegre para viabilizar os patrocínios”, complementa.

Para 2024, a organização da Festa do Azeite de Oliva já conseguiu aprovar o evento na Lei Rouanet. Com isso, a expectativa é de que o volume de recursos triplique e a Festa seja muito maior. “Vamos, aos poucos, consolidando esta Festa e o nome do município como referência na produção de azeite de oliva”, projetou Lemos.

Olivicultura e Olivoturismo no Território Geoparque

O fórum ocorre no Clube União e tem entrada gratuita. Para a oficina de harmonização de azeites, é necessário preencher um formulário de inscrições disponível na página da Festa no Instagram.

9h – Abertura do fórum técnico Olivicultura e Olivoturismo no Território Geoparque

9h15min – Coeducar apresenta projeto Produtos a Partir do Cultivo das Oliveiras

9h45min – Oficina Azeites do campo à mesa, com Fabrício Carlotto, André Golzer e Perola Polillo

10h30min – Olivoturismo e Geoparque, com André Golzer, da Estância das Oliveiras; Jackeline Moreira, proprietária da Tuna Ecoturismo; e Renato Fernandes, da Vila do Segredo

11h – Painel técnico Manejo de Pomar de Oliveiras, com o eng. agrônomo Fabrício Carlotto

13h30min – Palestra Nutrição de pomar de oliveiras e produtividade, com Marcelo Costi, produtor, e Edson Dorneles, eng. agrônomo/Emater

14h30min – Apresentação do projeto Centro de Formação Agrícola, com ênfase em olivicultura, a cargo da AGPTEA

15h30min – Palestra Resíduos da produção do azeite de oliva para a inovação tecnológica e sustentável na agricultura, com as professoras Dra. Carolina Jauris (UFSM) e Dra. Jaqueline Vargas (Unipampa)

16h30min – Oficina Harmonização de Azeites, com Perola Polillo (participação gratuita, com inscrição prévia)

Confira a agenda cultural

Sexta-feira, 06 de outubro

14h – Contação de Histórias As Aventuras da Azeitonela, com Silviane Delgado de Freitas

17h – Lico Silveira

18h – Rafa e Rogério

20h – Pagode dos Guri

20h – Jantar Baile do Cordeiro e do Azeite de Oliva

Sábado, 07 de outubro

13h30min – Abertura da Exposição de Carros Antigos

16h – Teatro Infantil, com o Grupo Colcha de Retalhos

17h – Invernada artística CTG Sentinela do Forte

17h30min – Kelvin & Klaus

18h30min – Banda Súditos da Rainha

20h – Leo Pain

Domingo, 08 de outubro

13h30min – Duda Brito

15h – Tela Class

16h – Invernada artística CTG Família Nativista

17h – Rogério e Renan

19h30min – Os Fagundes

Ação Solidária – O Núcleo de Mulheres Empreendedoras de Caçapava do Sul, ligado à Associação Comercial e Industrial (que é a entidade organizadora da Festa) está realizando uma campanha de arrecadação de donativos para as vítimas das enchentes no Estado. Durante o evento, o estande da entidade funcionará como ponto de coleta. O foco é o recolhimento de roupas íntimas, materiais de higiene e limpeza. Leve sua contribuição!