Costumo, a cada manhã, antes de levantar, consultar a temperatura do dia e que cara vai ter: nublado, claro, mais ou menos. Deixei de ouvir as previsões do tempo de Cléo Khun, da Rádio Gaúcha, porque apesar de sua competência, ele tem errado várias vezes. Quando anunciou que Caçapava seria a cidade mais fria do Estado, com dois graus centígrados à noite, aumentei meus cobertores em vão. Tive até pesadelos de tanto calor.
Foi o caso de uma antiga doméstica da casa de meus pais que errava sempre. De volta do mercado da esquina, aonde ela ia buscar o leite e o pão do café da manhã, eu lhe perguntava como estava o dia. Mas aprendi logo que, se ela dissesse que estava frio, não devia agasalhar-me muito, e se fosse calor, não era de acreditar.
Temos Institutos Meteorológicos muito bem aparelhados, com profissionais de alta formação, mas nem tudo é previsível, como os tsunamis, as tempestades de areia que cobrem cidades até no Brasil, e outras tantas intempéries que vêm a nos causar mortes e desastres ambientais. De uma hora para outra, sem aviso prévio.
Não é diferente o nosso clima de relações humanas. Nunca se sabe de onde vai surgir a violência, os desentendimentos familiares e sociais, as pandemias, atentados, enfim…
Estamos chegando ao fim da CPI. E o que aparece como claro e comprovado para uns – acredito que seja a maioria –, como os crimes de omissão do Governo, malversação de recursos, desvios de verbas para a saúde e consequentemente mortes aos milhões de brasileiros iludidos com remédios ineficazes ou a quem faltaram vacinas, para outros, tornou-se motivo de negar as provas, desdizer os fatos e defender os responsáveis por essa grande tragédia. E o relatório final, tão esperado pelos que querem justiça, se encontra ameaçado de cortes, emendas e enfraquecimento das punições.
Salvaguardar a Economia do país foi o argumento para tantos crimes contra a Saúde e a vida dos cidadãos. Mas ao contrário do que alardeia essa ala, vemos o povo cada vez mais pobre e doente; catando ossos nos caminhões de lixo; vivendo na rua porque foram despejados por falta de pagamento do aluguel; crianças sem escolas, aprendendo fora de casa o que não devem e sujeitas a toda a violência.
Pois parece que a maldade se agiganta e mostra sua face mais perversa. Não há virtude quando o estômago morre de fome.
Nesses momentos finais da CPI, vamos rezar, torcer e acreditar que o Bem vai vencer o Mal. Somos gente de bom coração, um povo acolhedor e bondoso. Não deixemos que a Covid-19 e as falácias dos governantes deturpem nossa índole de brasileiros que só aspiram à felicidade e à justiça social da nação.