A Lei Maria da Penha não está impedindo que os feminicídios aconteçam. Parece até que o número de casos cresceu mais depois que a lei foi promulgada. Nem as ameaças de prisão ou de vingança de familiares da vítima impedem as ações do ofensor. Pelas estatísticas oficiais, diminuíram os homicídios, os assaltos e os latrocínios. Por que essa violência contra a mulher?
Nos romances antigos, quando a mocinha irritava o galã com suas recusas, ele se retorcia de raiva, mas se continha. E o episódio terminava com amor redobrado e a oferta de uma flor.
Noutras culturas lá do Oriente, era normal a submissão da mulher aos caprichos do marido. Ele tinha o direito de vida e morte sobre ela. A polícia não podia intervir. Era questão de família, diziam. Mas aqui?
Dá para supor que o empoderamento da mulher, nos últimos tempos, seja um dos fatores que estejam contribuindo para esse tipo de crime. O homem acostumara-se a ser o cabeça da família, aquele que bem ou mal a sustentava e se responsabilizava pelo seu bem-estar.
Hoje, a mulher conquistou mais espaço no mundo do trabalho. Caminhoneiras, metalúrgicas, chefes de Estado, presidentes de empresas, construtoras e muitos outros ofícios, elas têm exercido sem desmerecer diante das aptidões masculinas. A mulher elevou sua voz, reclama igualdade de salários e de vantagens que eram dadas com privilégio para os homens.
Será por complexo de inferioridade o motivo?
Os feminicídios não se dão apenas nas camadas pobres, de classe média ou miseráveis. Quantos casos na classe mais alta da pirâmide social vêm acontecendo. Juízes, médicos, milionários têm sido autores desses crimes. Motivos passionais, por herança, infidelidades, ciúmes.
Estão faltando Escolas de Preparação para a vida do casal. Assim como o Sebrae, o Senac, o Senai, que oferecem cursos para o trabalho, preparo para o cidadão exercer uma profissão honesta que o dignifique. Muito mais necessário seria essa preparação para a vida de uma família que se forma, para que o amor e o respeito sejam mútuos, e a contribuição de cada um, de acordo com suas personalidades, seja valorizada igualmente.
Quando a convivência, por desacertos de gênios e objetivos contraditórios, chega ao limite da tolerância, o remédio é um adeus amistoso, e que cada um siga feliz seu caminho. Mas insistir na relação, quando o parceiro não a suporta mais é o que leva, quase sempre, ao feminicídio. Não é por amor, porque quem ama não mata. É por vingança, sentimento de possessão próprio do homem primitivo, que não pode conceber que seu objeto – a mulher – venha a ser de outro homem.
Porém, para quem lê o Evangelho, as lições estão lá. Jesus dignificou a mulher, colocando-a como parceira do homem, digna de sentar à mesma mesa, e não mais como uma humilde serviçal ao seu dispor. E que o Amor é o maior Mandamento.