Algo que me deixa curiosa sobre um livro é ver muitas pessoas falando sobre ele, principalmente quando esses leitores são adolescentes, afinal, com tantas opções de distração que esse público tem, não é fácil que um livro mobilize tanta gente.
Foi a partir de um caso desses que li “A seleção”, de Kiera Cass, uma série de cinco livros que se passa no futuro, após uma guerra iniciada com a invasão chinesa aos Estados Unidos, que devia muito dinheiro aos asiáticos e estava falido. Essa guerra causou mudanças geográficas, e onde antes havia vários países das Américas do Norte e Central, há um único: Illéa, uma jovem monarquia que ainda sofre ataques de alguns grupos rebeldes insatisfeitos.
Illéa é dividido em castas denominadas por números de 1 a 8, em que na Um está a realeza e, na Oito, os miseráveis. Os rebeldes estão fora delas, ou seja, à margem da sociedade. Cada casta tem profissões pré-definidas, e seus membros devem segui-las mesmo que não tenham aptidão para isso ou desejem outras coisas. Vontade própria não existe, principalmente para os mais pobres, que são vistos como inferiores pelos mais ricos.
A série é narrada por America, uma das competidoras da Seleção que escolherá a esposa do príncipe Maxon. Nessa disputa, 35 jovens, uma de cada província e de diferentes castas, são escolhidas para se hospedarem no palácio e conhecê-lo. Enquanto elas participam da Seleção, suas famílias recebem uma compensação em dinheiro.
America é da casta Cinco e vem de uma família de artistas, profissão muito prejudicada com o acordo internacional firmado para a criação de Illéa, pois ele acabou com a maioria das datas especiais em que podiam se apresentar. Participar da Seleção poderia render um bom dinheiro para sua família, que não passaria dificuldades por alguns meses.
A jovem já tem um namorado, Aspen, e é ele quem a convence a participar da Seleção, argumentando que não aguentaria ser quem a impediu de ter uma chance de uma vida melhor. America só se deixa convencer por ter certeza de que não será escolhida. Qual não será sua surpresa não só ao ser, mas também ao se tornar a melhor amiga de Maxon?
E afinal, quem será a escolhida do príncipe? Acredito que essa seja a questão que move o público a ler “A Seleção”. Mas o que mais me chama a atenção é como a divisão desse país em castas pode ser lida como as diferenças em nossa sociedade. Vejo como uma maneira de mostrá-las aos adolescentes. Só espero que aqueles leitores que se sentiam tão incomodados com os preconceitos com personagens de castas inferiores, hoje, se incomodem também com o que vemos no mundo real.
Referências:
CASS, Kiera. A seleção. Tradução de Cristian Clemente. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2012. 368p.
______. A elite. Tradução de Cristian Clemente. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2013. 360p.
______. A escolha. Tradução de Cristian Clemente. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2014. 352p.
______. A herdeira. Tradução de Cristian Clemente. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2015. 288p.
______. A coroa. Tradução de Cristian Clemente. 1ed. São Paulo: Seguinte, 2016. 232p.