Os municípios do bioma Pampa perdem pessoas por falta de oportunidade, diz o economista Antônio da Luz
A partir da comparação de dados socioeconômicos da Região da Campanha com a média do Rio Grande do Sul, o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, apresentou um diagnóstico contundente. Falando a prefeitos, deputados e lideranças, reunidos na tarde de ontem (05), na Assembleia Legislativa, ele afirmou:
– A região é pobre e está perdendo seu principal ativo: as pessoas. Diante desse cenário, não dá para rechaçar, sem uma análise cuidadosa, os projetos que podem gerar riqueza localmente.
Os dados demonstraram que a população da Campanha gaúcha vem diminuindo ao longo dos anos e que o encolhimento ocorre, sensivelmente, entre jovens e adultos. Esse é o público que deixa o território em busca de melhores oportunidades de trabalho em outros locais.
Da Luz apontou também a baixa representatividade regional na composição do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul. Em 2021, apenas 1,9% do PIB gaúcho teve origem na Campanha, porém destacou a relevância da região na geração de empregos que o agronegócio promove no Estado. Para o economista-chefe da Farsul, é preciso reforçar a vocação agropecuária local e ampliar os demais setores econômicos.
– Os números demonstram que, quando a soja entrou com mais força, a partir de 2011, os dados socioeconômicos começaram a mudar. Essa região precisa olhar para esse fenômeno e não pode cair no discurso do ‘não pode’ – avaliou, ao demonstrar que, por falta de dinamismo econômico, a região acaba recebendo menos serviços públicos, como investimentos diretos na Educação e na Saúde da população, e tem, por consequência, maiores taxas de violência.
A reunião havia sido convocada justamente para tentar articular representatividade política e institucional para destravar projetos de investimentos e de melhora do ambiente de negócios. A convite do deputado Paparico Bacchi (PL), as entidades que compõem a Frente pelo Desenvolvimento da Região da Campanha do RS foram apresentar o movimento, formalizado em 2024, durante o Universo Pecuária. Estiveram presentes os líderes das entidades fundadoras (Cotrisul, Sindicato Rural de Lavras do Sul, Associação Comercial e Industrial de Caçapava do Sul, Câmara de Indústria e Comércio de Lavras do Sul, Sindicato da Indústria de Calcário do Rio Grande do Sul e Lavras do Sul Mineração); representantes das prefeituras de Caçapava, Lavras, São Sepé, São Gabriel e Bagé; o deputado estadual Felipe Camozzato (NOVO); o deputado federal Afonso Hamm (PP); e representantes de diferentes órgãos do governo do Estado e de entidades setoriais.
Para o presidente da Cotrisul, Gilberto da Fontoura, é preciso que as lideranças políticas adotem princípios cooperativistas, como a livre adesão e o interesse pela comunidade, e se somem à iniciativa, que visa a destravar investimentos diversos. Já o vice-prefeito de Bagé, Gilberto Alágia, apontou que a região tem as características necessárias para pleitear um tratamento tributário diferenciado e convocou o grupo presente a participar das discussões sobre o tema, em seminário a ser realizado no próximo mês.
Texto: Clarisse de Freitas/Ascom Cotrisul – adaptado