Perdemos aquela tradição assim como também já esquecemos de tantas outras manifestações culturais, que fizeram parte da identidade coletiva e solidária do nosso povoado
A noite de 24 de junho de 2024, na semana passada, foi muito fria. Havia um jogo da nova (de novo) seleção do Dorival Júnior, que não conseguiu ganhar da “fortíssima” seleção da Costa Rica pela Copa América e, depois de botar fogo na lareira, ainda tive de cobrir as pernas para não entanguir sentado na frente da TV. Pode ser que eu esteja exagerando um pouquinho, mas caiu geada e. pela manhã, o aplicativo do clima do celular marcava 4 graus.
Assistindo à reportagens propagandistas televisivas das Festas Juninas pelo nordeste, com foco na rivalidade entre Campina Grande, na Paraíba e Caruaru, em Pernambuco, me recordei dos tempos em que haviam alguns desses arraiás em Caçapava.
Estamos em ano eleitoral, e assisto pelas redes sociais o movimento de alguns ditos pré-candidatos a prefeito, já em campanha aberta e declarada, divulgando promessas de milagres tecnológicos, financeiros e administrativos para “desatolar” nossa cidade, transformando em capital da futurologia e da cara de pau dos mesmos de sempre.
Já tivemos a cultura das Festas Juninas nas escolas, nos antigos clubes sociais, nas praças e nas capelas do interior.
Perdemos aquela tradição assim como também já esquecemos de tantas outras manifestações culturais, que fizeram parte da identidade coletiva e solidária do nosso povoado. A última que foi sufocada foi a nossa tradicional Feira do livro do Salão Paroquial.
Comemoramos a Semana Farroupilha dançando forró e sertanejo nos salões dos CTGs, fantasiados de gauchinhos de bombachinhas estreitas e lencinhos de seda coloridos, e topetizinho no cabelo cheio de gel e parafina. Alguns desses galpões são, inclusive, alugados para bailes de bandinhas onde se pode dançar de tênis e boné, em louvor ao tradicionalismo moderno dos gaúchos de hoje.
Caçapava até pode continuar sendo uma cidade cosmopolita, porque isto enriquece a nossa cultura e colabora para o nosso desenvolvimento, mas não deveríamos deixar de ser este recando interiorano, onde as pessoas se conhecem, convivem e cooperam entre si.
Talvez eu esteja ficando velho demais e, na pré-senilidade, me apegando em demasiado às recordações do meu tempo. Pode ser, mas não devemos e não podemos abrir mão da nossa história rica e das nossas tradições de raiz.