Seminário destaca a importância do patrimônio cultural

Mediado pela diretora do Clube Harmonia e coordenadora Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Cátia Cilene Morais Dutra, o evento contou com a presença de estudantes e professores de escolas institutos de Educação e universidades. Confira a galeria de fotos

Abertura Seminário do Harmonia_29 e 30 de setembro

O Clube Recreativo Harmonia promoveu, na sexta-feira (29) e no sábado (30), em sua sede, o primeiro seminário do projeto cultural “Harmonia: Memórias Cruzadas e Histórias Vividas”. O evento teve como tema “Patrimônio, nossa identidade começa por onde passa nossa memória”.

Mediado pela atual diretora do Clube e coordenadora Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Cátia Cilene Morais Dutra, o seminário contou com a presença de estudantes e professores das escolas Augusto Vítor Costa, Eliana Bassi de Melo e Patrício Dias Ferreira, dos institutos de Educação Augusta Maria de Lima Marques e Dinarte Ribeiro, e das universidades federais do Pampa (Unipampa), de Santa Maria (UFSM) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), além da comunidade caçapavana.

A abertura ocorreu na manhã de sexta e contou com a participação do diretor da Unipampa – Campus Caçapava, José Rojas; da secretária-adjunta da Educação, Iole Dorneles; do geocientista responsável pelo Geoparque Caçapava, Marcelo Lusa; da patroa do CTG Clareira da Mata, Maria Seluta Lopes Oliveira; e do prefeito Giovani Amestoy (PDT).

Logo após, os institutos de Educação Augusta Maria de Lima Marques, representado pela diretora Neusa Trindade, e Dinarte Ribeiro, representado pelo professor Marcos Mesquita, receberam um certificado de honra do Clube Harmonia, em reconhecimento à parceria nos eventos realizados ao longo do ano.

Houve também o lançamento do site do Clube Harmonia, apresentado por Rennan Cardoso, um dos responsáveis pela criação, e a exibição de dois documentários. O primeiro, “50 anos dos Clubes Sociais Negros de Caçapava do Sul”, produzido pela UFSM e pela Unipampa, através de um edital do Geoparque, traz relatos de diversas pessoas que viveram o período de construção e socialização em clubes negros da cidade. Já “A Figueira, Patrimônio Verde da Nossa Escola”, feito por alunas do 8º ano do Instituto Municipal de Educação, apresenta informações sobre a antiga figueira do pátio da instituição.

Na palestra “Identificação e registro do Patrimônio Imaterial”, ministrada por Renato Silveira da Rosa, mestrando do Programa de Pós-graduação em Patrimônio Cultural, da UFSM, foi abordado como trabalhar com esse tipo de patrimônio, tendo como exemplo o tambor de sopapo, que se pretende reconhecer como patrimônio imaterial de Caçapava. O projeto está tramitando na Câmara de Vereadores.

A manhã se encerrou com a fala de Maria Alice Garcia dos Santos sobre a história e a atual etapa do restauro da casa em que nasceu Borges de Medeiros, e com a apresentação do “Projeto Memória das Águas”, da geóloga e professora da Unipampa, Juliana Young, que analisou a qualidade da água das fontes naturais do município.

As atividades da tarde começaram com o bate-papo “A Capoeira conta histórias vividas”, com o contramestre Vavá, do grupo de capoeira Herdeiros da Ginga. Foram abordadas a história da capoeira e a relação dos toques de berimbau com a história do povo africano durante a escravidão no Brasil.

Logo após, houve a posse simbólica do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial, responsável pelo controle social, fiscalização e interlocução com a sociedade civil, e o lançamento da 3° edição do prêmio Maria Leniza Dorneles Esteves, uma parceria entre o Clube Harmonia, a Secretaria da Educação, a Coordenadoria Municipal de Promoção da Igualdade Racial, o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) Tio Noca, e a família Dorneles Esteves. O prêmio visa reconhecer as escolas públicas municipais que estimulam o desenvolvimento de boas práticas educativas sobre a cultura e a história afro-brasileira. Maria Leniza Dorneles Esteves é a professora negra mais antiga do município.

Na sequência, Deise Lisiane Soares Luiz apresentou o trabalho “Memória e apagamento de Oxum pelo território caçapavano”, mostrando um recorte de sua dissertação de mestrado, realizado no Programa de Pós-graduação em Ensino, da Unipampa, em que estuda a trajetória de ensino de uma mulher negra caçapavana, deficiente auditiva, identificada por ela como Oxum para preservar sua identidade. De acordo com a pesquisadora, essa mulher não conseguiu estudar em escolas caçapavanas, daí seu apagamento.

A última atividade do dia foi a participação das estudantes da Unipampa – Campus Jaguarão, Ariane Andrade de Melo e Pamela Cristina Oliveira. Integrantes do Neabi Mocinha, elas apresentaram um site criado em parceria com a universidade, no qual é possível encontrar bibliografias especializadas de autores afro-brasileiros, projetos acadêmicos, notícias e um mapa que mostra a localização de diversos clubes sociais negros do Brasil, inclusive a Harmonia.

Na manhã de sábado, o evento iniciou com a recepção da socióloga Nina Fola, que contou com uma apresentação de dança afro, realizada pelo grupo Clara Nunes, acompanhado de Tio Cida, mestre de cultura popular, que tocou o tambor de sopapo. Nina é natural de Porto Alegre e militante antirracista há mais de 30 anos. Atualmente, é doutoranda em Sociologia, na UFRGS. No evento, realizou uma roda de conversa com o tema “Ancestralidade como educação, identidade e negritude”.

Fotos: Luiz Felipe de Oliveira/Gazeta de Caçapava