Pois eu, bem menos famoso do que aquele autor, talvez menos culto, mas muito mais enraizado do que ele e imensamente mais integrado com as coisas do nosso povo gaúcho, discordo em número, gênero e grau
Li, recentemente, um artigo muito bonito quanto ao seu tom poético, apaixonado, de um renomado colunista gaúcho, questionando o engodo histórico da Revolução Farroupilha e as consequentes comemorações da nossa Semana Farroupilha. Disse ele que não tínhamos nada para comemorar. Aliás, questionava com o “até quando?”
Pois eu, bem menos famoso do que aquele autor, talvez menos culto, mas muito mais enraizado do que ele e imensamente mais integrado com as coisas do nosso povo gaúcho, discordo em número, gênero e grau.
Na verdade, ninguém presenciou os fatos históricos que comemoramos: 07 de setembro, que é o Dia da Independência do Brasil; 15 de novembro, quando comemoramos a Proclamação da República, etc. etc. etc.
Ninguém, de sã consciência, pode julgar a história da humanidade, do Brasil ou de outros povos baseado no politicamente correto, que hoje em dia invade a vida e o comportamento social de toda uma nação. O fato foi político e eu também critico a estupidez das revoluções de ‘35, de ‘93, de ‘23 e até do movimento de 1930, quando irmãos mataram irmãos em nome de partidos e lideranças políticas. Mas daí a negar a sua representatividade já é querer ser dono da narrativa histórica e de sua representatividade popular.
A Semana Farroupilha serve sim para integrar pessoas, para reviver a história nossa, que se encontra nos livros didáticos, as narrativas oriundas de pesquisas bem fundadas. Enaltece a origem agropastoril e guerreira dos gaúchos. Reverencia vultos importantes que ajudaram a construir a identidade altaneira da nossa gente, inclusive a nível nacional, ao ponto de fazer saber a todo o restante do País que nós somos diferentes e orgulhosos dessa nossa diferença, que construiu essa têmpera baguala dos gaúchos.
Preserva nossa tradição e cultua valores do bem, inclusive para as gerações futuras quando, por exemplo, envolve os jovens pilchados, que, integrando corpos de dança de CTGs e Piquetes, preservam a nossa cultura regional.
É muito graças a Paixão Cortes e seus companheiros estudantes, que deram origem ao Movimento Tradicionalista Gaúcho em 1947, que hoje já não é apenas um compromisso cultural dos rio-grandenses, mas de tantos quantos são os gaúchos que povoam diversas e diferentes regiões do nosso Brasil Continente.
Por isso, defendo, apregoo e apoio o nosso tradicionalismo em qualquer tempo, e a Semana Farroupilha por ser a sua marca maior.
Se, por causa do Massacre de Porongos, não devêssemos comemorar a Semana Farroupilha, também as Escolas de Samba cariocas não poderiam desfilar no Carnaval, porque, tanto aqui como lá, os negros foram escravos e vítimas de uma época cultural atrasada e que, com o tempo, evoluiu para o que hoje somos e respeitamos.
“Gaúcho eu sou, nasci feliz
Nesta terra formosa, onde estou
Sob o céu do meu lindo país”
ou
“Minha terra é um manancial
Bem ao Sul do continente
Admiro o que é dos outros
Gosto mais do que é da gente“
Usamos cookies para garantir que oferecemos a melhor experiência em nosso site. Se continuar a usar este site, assumiremos que está satisfeito com ele.ACEITARPolítica de Privacidade