A vida tem-me ensinado que nada acontece por acaso. Tudo tem suas causas e também as consequências. Não adianta o jovem dizer “A vida é minha, faço o que bem entendo”. A queda da ponte pênsil em Torres comprova o que foi dito. Pois é, a folia dos carnavalescos estava tão animada, mas esqueceram de que a ponte só comportava vinte pessoas. E aconteceu a tragédia.

Os alertas da Polícia Rodoviária me pareceram muito oportunos. Semanas antes preveniam, pela TV, sobre os cuidados nas estradas. Ultrapassagem segura, velocidade dentro dos limites, revisão do carro antes da viagem, nada de bebidas alcoólicas. Até agora, dá para ver que surtiram efeito.

Mas há tragédias que não são esperadas. Pelo menos por quem as deveria ter evitado. E, então, procuram-se os culpados pelos frequentes deslizamentos de encostas que soterram casas e causam vítimas fatais. As chuvas, dizem os entendidos, também são culpa do descaso com o trato do meio ambiente, que altera as condições climáticas.

E, assim, ficamos todos juntos e misturados, cada um com sua parcela de culpa.

Mas o Carnaval veio alegrar as cidades, e pobres e ricos se embalaram ao ritmo do samba e das marchinhas que convidam à participação. Como sempre, a beleza dos carros alegóricos, a originalidade dos enredos e das fantasias nos deixaram orgulhosos com a veia artística de nossos artesãos. Nordestinos, cariocas, paulistas e de capitais da região Sul não ficaram atrás. Cada um no seu estilo, mas com igual encantamento.

Legiões de estrangeiros vieram participar de nosso afamado Carnaval, e muitos dólares, pesos e euros encheram nossos cofres, ou melhor, do comércio. E o Carnaval deixou de ser malvisto até pela Igreja, que o condenava nos meus tempos de jovem. Nas emissoras católicas, por sinal, tem havido programas de músicas e bailes carnavalescos em seus salões de festas.

Minha amiga da Bahia me mandou um vídeo em que, na missa, os hinos tinham a cadência do samba, e as baianas os cantavam fazendo os meneios e gingados que lhes são característicos. O sangue baiano misturou-se aos ritos religiosos cristãos, mas não deixou de cultuar suas próprias tradições.

A vida é isso, é preciso misturar os temperos para dar o gosto que se apetece.