Estamos numa crise sem precedentes. Somos um país democrático, e a nossa Constituição nos garante a vida, a educação, a segurança e os direitos aos sistemas de Saúde e de Justiça.

Mas não é o que vem acontecendo ultimamente. No caso da morte do jovem Gabriel Cavalheiro, quem devia protegê-lo foi quem provocou a sua morte. Um crime hediondo cometido pelas forças de segurança, no caso, um sargento e dois soldados de nossa “gloriosa” Brigada Militar. Digna, aliás, de respeito na sua nobre missão que esses militares não souberam honrar.

O abuso nas abordagens da polícia militar não tem sido novidade nos últimos episódios de perseguição a suspeitos, em todo o território nacional. Se um motorista ou motociclista tenta fugir por lhe faltarem os documentos, a habilitação, por exemplo, ele é caçado como um bandido e, muitas vezes, torturado e morto, sem dó nem piedade. E as leis aliviam a culpa dos agentes como se não tivessem cometido crime algum, mas legítima defesa.

Imagino o arrependimento daquela senhora que chamou a polícia quando pensou que o Gabriel fosse um ladrão. Coitada, não gostaria de estar no seu lugar. Mas a quem recorrer numa ocasião igual? Se não confiarmos nos órgãos de Segurança para esses casos, em quem poderemos confiar?

Faz duas semanas que o desaparecimento de Gabriel ocorreu. Mas o sofrimento dos familiares, a indignação de seus amigos e de toda a população ainda estão muito fortes para serem deixados de lado. Algo urgente precisa ser feito. Do contrário, novos casos semelhantes voltarão a acontecer. Episódios como a morte do homem que não tinha nada de criminoso, mas sofria dos nervos e que foi colocado no porta-malas da viatura e asfixiado com gás; do freguês do Carrefour, morto por sufocação quando abatido pelo segurança, foi comprimido contra o piso do estabelecimento. E aquela “invasão” da polícia que acabou com a festa de jovens, num baile, matando, se não me engano, nove presentes. Havia bandidos ou traficantes ali? Mas também um bom número de jovens que só desejavam divertir-se. Tudo isso e mais um pouco é o que tem acontecido em nosso país.

Gostaria de entender como são os cursos preparatórios e de reforço que a Segurança Pública vem promovendo para a habilitação de seus recrutas e reciclagem de veteranos. Será que aprenderam que sua missão é a de proteger os inocentes, prender os criminosos, levá-los a instâncias superiores, sãos e salvos, que os encaminhará à Justiça?

Muitos não entenderam e abusam de seu poder, prendendo, julgando e aplicando as penas, inclusive a morte, que não consta nas leis nacionais.

Neste dia 25, que homenageia o Soldado, quero também felicitar aqueles que abraçam sua missão à custa da própria vida, para salvar as vítimas dos atentados. Conheço muitos deles e me orgulho de seu heroísmo, da vontade inabalável de proteger os cidadãos contra os criminosos que causam tantos males.

A eles, o nosso respeito e votos de uma feliz carreira, voltada para o bem da sociedade.